quinta-feira, dezembro 22, 2005

Jornalista arguida por defender sigilo profissional

2005/DEZ/22
Paula Martinheira arguida por defender sigilo profissional
A jornalista do “Diário de Notícias” Paula Martinheira foi constituída arguida, a 20 de Dezembro, por desobediência ao tribunal, após se ter recusado a revelar as fontes de informação de uma notícia publicada em Abril de 2003.
A jornalista compareceu terça-feira no Tribunal Judicial de Faro, na qualidade de testemunha, no âmbito do processo que foi movido pelo Ministério Público no sentido de apurar as fontes de informação, não identificadas, referidas na notícia publicada no DN de 30 de Abril de 2003 sobre alegada investigação judiciária à Região de Turismo do Algarve, por suspeita de corrupção.

Paula Martinheira manteve-se firme na defesa do sigilo profissional, o que levou o Tribunal a constituí-la arguida pelo crime de desobediência.

“Fiz aquilo que todos os jornalistas devem e têm o direito de fazer: proteger as fontes às quais prometeram confidencialidade”, afirmou Paula Martinheira ao Sítio do Sindicato dos Jornalistas.

O caso de Paula Martinheira tem semelhanças com o de Manso Preto, jornalista freelance que a 26 de Outubro foi absolvido por um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, depois de a 10 de Dezembro de 2004 ter sido condenado a 11 meses de prisão, com pena suspensa por três anos.

Mais infos em: http://www.jornalistas.online.pt

quarta-feira, novembro 16, 2005

Alargar a cidadania

Letra para um hino

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É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.
É possível viver de outro modo.
É possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.
Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.

Manuel Alegre

in: Manuel Alegre - Alargar a cidadania


O QUE PENSA O ZÉ POVINHO

Político intermitente
Enxerto de economista
Bem crispado ou sorridente
Maniqueu perfeccionista!
Sem dúvidas, só certezas
Trigo e joio, mal e bem!
Agindo sem tibiezas
Tem o olhar fixo em Belém1
Vê o mundo a preto e branco
É "casado" co'a Certeza
Não erra, diz muito franco
A dúvida é uma impureza!
Quer um "Portugal maior"!
Pensa até em o esticar...
O povo... pensa melhor
Só quer o cinto alargar!

José Figueiredo

in: Portugal de Todos

terça-feira, novembro 08, 2005

Entrevista — Orlando Dias Agudo

Orlando Dias Agudo

Nasceu em Mouriscas em 1938, é abrantino, estudou nos Liceus D. João de Castro e Gil Vicente, tem 2 filhos. É um notável jornalista, que fez carreira na Imprensa, Rádio e Televisão. Em serviço, viajou pelo mundo inteiro, recebeu vários prémios e Troféus.

O Orlando, é um amigo que está connosco (1) mensalmente, com a sua rubrica “Nós por cá” e nesta entrevista, fala-nos de si e lança um desafio a todos os leitores...

Manuel Araújo



Como é que tudo começou e porquê jornalista ?

- Tudo começou nos tempos do Liceu: na disciplina de português, o que mais gostava era de fazer redacções…e eram elas que me davam a nota alta que me permitia alcançar uma média aceitável. Um dia, o meu professor de Educação Física, sabedor dessa minha apetência para a escrita, perguntou-me se eu queria escrever para um jornal desportivo chamado Record. Respondi que sim. Então, estabeleceu contacto com o Director (na altura o professor Fernando Ferreira) e ficou decidido que iria fazer a cobertura de toda a actividade desportiva da Mocidade Portuguesa. Isto, para tirar um fardo das costas de um outro jornalista (Guita Júnior) que já tinha muitas modalidades à sua responsabilidade. Pouco tempo depois, o editor (Monteiro Poças) começou a marcar-me outros serviços, que eu cumpria a rigor só para ver o meu nome impresso no corpo do jornal.
Foi este o “pontapé de saída” para uma profissão cheia de encantos, da qual não me arrependo de ter seguido, em prejuízo de um outro qualquer curso superior que certamente cumpriria com interesse menor. Os meus primeiros passos no jornalismo foi pois nos jornais.

Existe ainda muito público da nossa idade, que o recorda da Rádio... e depois ?

Depois, continuando a escrever para o Record, veio a Rádio: Havia no Rádio Clube Português programas de produtores independentes e um deles (Gilberto Cotta) convidou-me para ser o assistente de produção do Talismã. Aceitei, até porque, entretanto, tinha aprendido muita coisa de Rádio numa escola que deu muitos e bons profissionais. Era a Rádio Universidade. No Talismã permaneci vários anos até que o próprio Rádio Clube Português me proporcionou entrar para os seus quadros também como assistente de produção. Foram muitos e bons anos nessa função e naqueles estúdios. Inclusive na madrugada do 25 de Abril de 1974, quando o Movimento das Forças Armadas abriram os armários das músicas proibidas e nos deixaram passar o que só se ouvia offline.

Como ingressou na Televisão, que é sem dúvida daí, que a maioria do público o conhece, quer contar ?

Vivida a experiência dos jornais e da Rádio, faltava conhecer o mundo fabuloso da Televisão. E um dia, o saudoso Adriano Cerqueira convidou-me para a sua equipa da RTP, mas para isso teria de abandonar a Rádio. Aceitei sem hesitar. E durante mais alguns anos lá estive, tendo feito de tudo um pouco: desde repórter a editor, passando por apresentador de quase todos os programas desportivos da época. Muitas histórias poderia contar dessa aventura televisiva, mas isso ficará para outra altura.

E agora… Está aposentado, parou ou tem projectos?

Agora, recordo o passado e vou escrevendo…para mim. Histórias imagináveis com personagens que invento e que vão sendo guardadas na gaveta das minhas memórias Prometo não escrever um livro. O que vou guardando é só para mim mas estou disposto a desafiar quem quer que seja para, em conjunto, escrevermos uma história. Porque é bom, muito bom mesmo, sentirmo-nos “donos” dos destinos dos personagens que vamos criando. Será que algum leitor quer jogar comigo esse jogo?

Quer explicar melhor, como devem fazer para participar e para onde devem ser enviados os textos?

Aqui a seguir vai o inicio de uma história. Se quiser dar-lhe continuidade, faça-o e mande o resultado para a minha caixa de correio electrónico. Prometo continuar essa história.

Tome nota do meu endereço: ordapt@yahoo.es
(Não estranhe o “es”. É assim mesmo…)

E quem não tiver email?

Aqui, no final do conto poderá escrever no local reservado aos comentários.

(1) Lusitano de Zurique

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"A 100 à hora"

Capítulo 1




Não ia com pressa...
Rodava à velocidade máxima permitida naquela auto-estrada, não obstante o carro como o piso convidarem a carregar no acelerador...
Não era ainda noite, a viagem iria demorar ainda umas horas, as suficientes para imaginar como seria aquele fim de semana, longe do escritório, dos casos ainda por resolver, das estratégias a aplicar em cada um dos julgamentos que já tinham data marcada.
O sucesso que tivera nos primeiros julgamentos, transformaram-me num advogado muito procurado, fazendo engrossar talvez depressa demais, a minha carteira de clientes. Agora, era tempo de parar umas horas, gozar os prazeres de um fim-de-semana prolongado, sem agenda, sem compromissos, sem horas marcadas para o que quer que fosse.
A auto-estrada não estava muito concorrida; podia até dizer-se que ela era toda minha, já à minha frente não rolava mais nenhum carro e, vindo de trás, nenhum outro ameaçava ultrapassar-me.
O corredor escuro de betão era todo meu...
Tanto mais que, não tendo necessidade de rasgar estradas citadinas, podia olhar despreocupado para a paisagem que não via há tanto tempo: campos de cultivo verdejantes ondulando ao sabor do vento de fim de tarde, aqui e ali uma ave que saia do seu refúgio de calor e voava para outra sombra que seria a sua cama da noite que não tardaria a chegar....
Foi então que vi, parado na berma da auto-estrada, um outro carro; e, a seu lado, uma mulher fazendo sinais, pedindo certamente ajuda. Parei uns metros mais à frente e pelo espelho retrovisor, apercebi-me que se tratava de mulher mais ou menos da minha idade, vistosa, bem vestida, cabelos compridos que esvoaçaram enquanto corria para junto do meu carro.
-Desculpe....mas talvez me possa ajudar....
- O carro pregou-lhe a partida...
- Não sei o que se passa....vinha a andar e, de repente, ouvi um barulho estranho e parou...e começou a deitar fumo do motor....
-Vinha depressa demais, certamente....
-Não posso dizer que vinha devagar....mas já tenho andado mais depressa....
-Vamos lá ver se consigo resolver o seu problema....

Sai do carro e dirigi-me ao bólide que se recusava a andar. Era um potente carro, topo de gama, não muito usado, talvez o ultimo modelo da marca que eu, em jovem, sonhava ter um dia. Pedi-lhe para se sentar e para abrir o capot. Fê-lo de uma forma dir-se-ia que estudada. Quando se sentou, a saia travada que usava deixou ver um bom naco de perna, não sendo necessário ser especialista no assunto para logo se adivinhar o desenho perfeito do seu perfil. Quando abriu o capot, ofereceu-me um sorriso das mil e umas noites, através de uma boca feita para beijar, lábios carnudos muito bem pintados, enquadrados nuns olhos verde-esmeraldas que chegavam para pensar noutros convites....
Depressa cheguei à conclusão que sem um arranjo muito profundo, aquele carro não sairia dali pelos seus próprios meios. E disse-lhe sem qualquer espécie de reservas:
- O seu carro adoeceu gravemente....
- Acha que não consigo sair daqui?
- No seu carro certamente que não....
- E agora, que posso fazer?
-Acho que o melhor é fecha-lo bem...e vir comigo até à cidade mais próxima. Lá encontraremos alguém que o venha buscar e que lhe substitua a peça que partiu...Quer aceitar a oferta?
- Fico muito agradecida, mas a cidade mais próxima ainda fica longe....
-É para onde vou.
-Nesse caso, se quiser ter essa amabilidade....

Foi ao porta-bagagem, tirou a pequena mala que transportava e sentou-se a meu lado. Confirmei, nesse entre tempo, que era uma mulher dos pés à cabeça. Com as curvas nos locais próprios, alta, loira, bonita até. Instintivamente olhei para a sua mão esquerda: lá estava uma aliança de casada, não muito velha, sinal de que não morava ali há muito tempo....
Durante os primeiros quilómetros permanecemos em silêncio. Depois, foi ela quem tomou a iniciativa....
-Espero não estragar a sua viagem....
-Não estraga,,,, digamos que até quebra a monotonia em que vinha....
- Faço esta viagem todos os fins-de-semana, e esta é a primeira vez que me acontece ficar parada no meio do caminho...
- Às vezes acontece...vai passar o fim-de-semana com seu marido?
-Que o leva a pensar isso?
-Sei lá...apenas dedução....
-Não, não vou ter com meu marido....Esse foi para fora do país, um congresso qualquer....eu venho para passar uns dias sozinha, tranquila, sem nada de concreto para fazer...sem horários, sem compromissos, apenas e só descomprimir....
-Exactamente como eu....só que não tenho mulher, portanto não tenho que pensar o que ela estará a fazer em qualquer local....
- Solteiro?
- Sim...ou antevissem querer, casado com a minha profissão....
-Posso saber qual?
-Advogados você?
- Professora universitária, porém sem exercer...
- Por opção?
-Pode-se dizer que sim....

Aos poucos fomos fazendo o retrato de cada um de nós. Fiquei a saber que o marido era um investigador que passava mais tempo no estrangeiro do que em casa e que ela começava a sofrer as consequências de um casamento pouco assistido se valia a pena dar assistência àquele casamento, pensava eu....
Ao fim de duas horas, mais minuto menos minuto, chegámos finalmente à cidade onde eu ia ficar naquele fim-de-semana. Já era noite, não encontrámos nenhuma oficina aberta, pelo que só no dia seguinte poderíamos tentar resolver o problema do seu carro.
-Suponho que tem onde ficar...- quis saber.
-Tenho casa aqui. Este é o meu refúgio quando faço pausa de mulher casada...E você, onde vai ficar?
-Tenho reserva no hotel...Não venho muitas vezes, por isso não posso ter casa própria...
- Se meu marido cá estivesse, convidava-o a ficar em nossa casa, mas assim....
- Agradeço na mesma....mas vou para o meu hotel. Mas primeiro deixo-a em casa para amanhã podermos tratar da oficina....
-Fico-lhe muito grata....

Deixei-a na casa que indicou ser a sua: uma pequena casa de praia, com piscina privativa e, adivinhava-se, mobilada com gosto.Combinámos tudo para o dia seguinte: quando acordasse telefonava-me para o hotel e iria levá-la à tal oficina.
Foi só à despedida que ela me perguntou:
-O seu nome?
-Mário....e o seu?
- Sofia

Depois de arrancar ainda vi, pelo espelho retrovisor, o seu aceno de adeus....





Capítulo 2

Continuado por: Maria Lemos


Chegado ao hotel, fiz o chek-in, dirigi-me para o quarto de onde se vislumbrava num canto, uma televisão. Á sua frente estava uma mesa rectangular com uma bomboneira repleta de bombons e do outro lado da mesa um pequeno arranjo floral. Dei mais dois passos vi a cama enorme, ao lado desta viam –se as janelas da varanda, corri a cortina, fui até à varanda e sentei-me numa das cadeiras que lá se encontravam e apreciei o espectáculo do pôr do Sol.

Quando o Sol finalmente beijou carinhosamente o mar, insurgiu repentinamente a lembrança dos seu rosto, de como seria poder tocar na sua pele, nos seus lábios, de quanto seria maravilhoso poder estar com ela mais tempo. Cada raio que espelhava no oceano, me levava á lembrança dos seus cabelos, do seu sorriso, do seu olhar.

No final do jantar, fui caminhar até á praia, pois não conseguia simplesmente estar ali. Chegado ao areal, descalcei os sapatos, tirei as meias, dei umas quatro dobras nas calças, e caminhei sem direcção, ouvindo apenas o ruído do rebentar das ondas, que de quando em vez, molhavam os meus pés. Apenas se viam muito distante umas luzitas, que imaginei fossem de algum navio de carga e o brilhar da lua a reflectir na água, e pensava na partida que hoje o destino me tinha feito. Eu que não acreditava no amor à primeira vista, que nunca parava no meio de uma estrada para auxiliar quem quer que fosse, questionava-me quase constantemente, porque parei, porque dei boleia, porque não paro de pensar nela, porquê e mais porquês. Até que, vi uma mulher de cabelo loiro e preso, vestia fato de treino de cor clara, sentada na areia. No entanto, parecia estar a viajar para muito longe daquela praia e à medida de me ia aproximando, vi o mesmo rosto que teimosamente não saia da minha memória. Quando me aproximei o suficiente para ter a certeza que era ela , os meus passos abrandaram, até ao momento de ficar imóvel. Não queria acreditar, estaria louco, de tanto a imaginar já a estaria a ver ali. Até que ouvi uma voz muito delicada, que me chamou: -“ Mário, Mário!” Ainda hesitante, dei por mim a caminhar na sua direcção, quando finalmente acabei de dar os dez passos mais longos e demorados da minha vida, Sofia, estendeu a mão e convidou-me a sentar um pouco ali, tudo parecia perfeito, o local do encontro, o luar, as conversas, exceptuando o facto de estar com uma quantas dobras nas calças e sapatos nas mãos.

Reparei que estávamos a ficar com um pouco de frio e convidei a Sofia tomar um chá quentinho no hotel onde estava hospedado, ao qual ela assentiu, fomos a caminhar pela praia, quando de uma forma muito espontânea e natural ela meteu o braço no meu e continuamos a conversar, sobre as coincidências de nos termos conhecido, das motivações que me levaram a passar ali aquele fim-de-semana, enfim falamos dos nossos tempos de estudantes e de outros assuntos que não nos comprometessem de mais.

Chegámos ao hotel, eu agora calçado e as calças devidamente vestidas, dirigimo-nos até ao bar, perguntei à Sofia o que ela desejava ao que me respondeu: - “Um chá de camomila, preciso de acalmar, pois hoje tenho vivido mais emoções que nos últimos anos da minha vida.”, dito isto, brindou-me com um sorriso ainda mais belo que aquele que esboçou quando a vi pela primeira vez. Olhou para o relógio, mais que uma vez, senti que algo a perturbava, e perguntei-lhe: “ Sofia, estou a aborrecer-te?!” ao que ela respondeu prontamente: “Não, não é nada disso, é que já há anos, muuuuitos anos, que não estou assim, com outra pessoa além do meu marido… e também já é um pouco tarde, mas ainda tenho que lhe pedir uma coisa….” Quando ela proferiu estas palavras, senti um sopro gelado a percorrer-me a coluna e paralisei e ela continuou “é se me podes acompanhar até casa, não é muito longe, mas já são 23:45h e tenho um pouco de medo de andar sozinha pelas ruas a estas horas.” , ao que respondi de imediato que sim, no entanto não deixei de me questionar o porquê daquele pedido, visto que nesta cidade não existe (pelo que me lembre) situações de qualquer espécie de criminalidade.

Acabamos o chá e levei-a até casa, não demoramos mais que cinco minutos de percurso, ao chegarmos ao portão...

Continua...

Capítulo 3

Continuado por: Orlando Dias Agudo


Quando parei o carro defronte o portão, o telemóvel de Sofia tocou. Ela pareceu surpreendida, mas antes de sair do carro, prontificou-se a atender. Ouviu mais do que falou. Da sua boca saíram apenas monossílabos, dando a sensação de que aceitava tudo o que lhe diziam. Foi um telefonema curto, que terminou com “um beijo” meio envergonhado. Quando desligou não me contive e perguntei:
-Algo de inesperado?
- Não, nem por isso…
- Pareceu-me teres ficado surpreendida…
( Arrisquei aqui um tratamento mais intimo, só para experimentar a reacção de Sofia )
- Não…mas gostei desse tratamento por “tu”…podemos continuar…e se queres saber o conteúdo do telefonema, talvez seja melhor entrarmos…
Era uma forma indirecta mas eficaz de me convidar a entrar. Acedi. E quando entrámos, ela convidou-me a sentar num largo e confortável sofá, enquanto ela iria trocar de vestimenta…que de fato de treino não é próprio de quem recebe alguém em casa, argumentou.

Quando fiquei sozinho, passeei os olhos pelas vastas estantes que emolduravam as paredes. Livros de ciência e também de literatura, obras de autores portugueses e também estrangeiros. Duas enormes telas completavam a decoração da sala e embora eu não fosse nem por sombras um “expert” na matéria, apostaria que eram de autores de renome.
Passados alguns minutos, Sofia regressou. Vinha espantosa de beleza, com um vestido que deixava antever, sem batotas, a perfeição do seu corpo. Ela sabia que era bonita e bem feita e não procurava esconder nada…
Dois copos, uma garrafa de whisky e estava criado o ambiente para finalmente ela me dizer o conteúdo do telefonema.
- Sabes quem me ligou?
- Não faço a mínima ideia….não conheço a lista dos teus amigos…
-Foi meu marido…
- A conversa foi fria….diria eu!
- Talvez…telefonou-me de Londres a dizer que não pode regressar hoje. Nem talvez no fim-de-semana.
- Tinham combinado encontrarem-se aqui…
- Sim, mas pelos vistos não pode…
- E vais ficar sozinha todo o fim-de-semana?
- Não tenho outra solução…mas talvez possa contar com a tua companhia…
(Um sorriso malicioso, a roçar a provocação, bailou-lhe nos lábios)
- Podes contar comigo. Aliás será com muito gosto que te farei companhia…

A conversa não foi muito mais longe. Confirmou apenas o que tinha dito quando lhe dei a boleia: que o marido viajava muito, hoje estava em Londres para a semana talvez em Bruxelas, afinal um homem de ciência que espalhava o seu saber em conferências por esse mundo fora. Foi a pensar que o poderia acompanhar, que tinha desistido de dar aulas…Mas isso foi só nos primeiros tempos. Depois ele começou a ir sozinho, deixando-a ou em Lisboa ou ali naquele recanto.
Era já tarde. Passava da uma da manhã quando deu conta que tinha de regressar. A bela companhia convidava a continuar, mas não podia ser. Tanto eu como Sofia precisávamos de dormir. Assim sendo, levantai-me do sofá e preparei a despedida, não sem antes a lembrar que no dia seguinte, logo de manhã, tinha de ligar ao serviço de assistência em viagem, para que o seu carro fosse transportado para Lisboa. Ela disse que o faria…
Combinámos novo encontro para o dia seguinte, para um almoço num local muito discreto que eu conhecia.
À despedida ofereceu-me a face para um beijo de despedida: nos meus lábios senti o aveludado da sua pele como senti a sua mão docemente pousada no meu braço.
Segui para o hotel com a certeza de que no dia seguinte o almoço seria magnífico.

Continua ???


Capítulo 4

Continuado por: Maria Lemos




Ao chegar ao hotel, fui directamente para o quarto, abri a porta de acesso à varanda. Sentia-se a brisa e o cheiro inegável a maresia, foi então, que me sentei debruçando os cotovelos sobre os joelhos, e com as mãos tapava a cara, esperando que as dúvidas que me assolavam se dissipassem, como a brisa que passa e refresca.

Não compreendia o que sentia em relação a tudo o que estava a viver, talvez, se deva ao facto de estar a experimentar estes sentimentos pela primeira vez. Mas que sentimentos, podia estar a sentir, se eu só a conheci à poucas horas? Será apenas, a sempre presente atracção física? Ou será algo mais? Será que sinto o que sinto por estar só?

De uma coisa eu tenho a certeza, provei pela primeira vez o gosto amargo da solidão… Nunca me havia sentido tão só como naquele momento. Nunca tinha experimentado a necessidade de fazer uma retrospectiva no campo amoroso e fi-lo com o intuito de provar, a mim mesmo, de que o que estava sentir pela Sofia, era completamente novo e não uma atracção passageira. O que era um problema. E um problema gravíssimo, a mulher por quem estava apaixonado era casada… bem ou mal ela era casada.
Estava muito ansioso para o almoço do dia seguinte, era uma espécie de uma partida para alguma coisa mais, para alguma coisa incerta!
Levantei-me a tempo de ver o sol nascer, a cama era verdadeiramente confortável, mas não consegui estar mais tempo deitado, parecia que pelo facto de me levantar as horas passariam mais rapidamente, e obviamente mais rapidamente chegaria a hora de a ver, de estar com ela, de sentir o seu perfume, e talvez de a beijar…
Chegou a tão ansiada hora.

Dirigi-me atempadamente para o restaurante onde havíamos combinado o almoço, escolhi uma mesa para dois com vista para o mar e para as dunas, a paisagem era fabulosa, digna de uma tela. O clima estava criado nada podia correr mal.

Passados 30 minutos da hora marcada ainda não tinha aparecido, estava a ficar nervoso e preocupado, pois questionava-me por que razão a Sofia ainda não aparecera, e como se isso já não fosse o suficiente, o empregado de mesa já tinha vindo mais uma vez ao pé de mim perguntar-me se podia começar a trazer os aperitivos, o que me irritava ainda mais.

Já passada quase 1 hora de espera, o empregado além de trazer o cardápio trás também um envelope muito pequeno, quando chegou ao pé de mim, perguntou o meu nome e após a minha resposta, entregou-me o envelope que vinha ao meu cuidado, olhei para todo o lado na expectativa de ver a Sofia, ela tinha estado ali … e … não veio ter comigo. Hesitei em abrir, o envelope, sentia uma espécie de revolta, senti-me menosprezado. Perguntando-me se esteve aqui, porque não veio falar comigo olhos nos olhos?! Não eram necessários bilhetes, a adolescência tinha já passado há anos, portanto se me queria dizer algo porque não o fez? Ela esteve aqui, caso contrário quem entregaria a carta ao empregado?

Mais calmo, chamei o empregado e questionei-o sobre quem lhe havia entregue o envelope, e a descrição que ele fez correspondia à mesma caracterização física da Sofia.

Ignorando o porquê de tudo aquilo, decidi abrir o envelope, certamente encontraria ali a resposta. Tirei um pedaço de papel que estava dobrado em quatro partes e senti o perfume dela, desdobrei-o e li:

“Lamentavelmente não poderei usufruir da tua companhia hoje. Surgiu um imprevisto, o meu marido, ligou-me e está a chegar, parte novamente amanhã. A propósito estás muito bonito e a mesa era a ideal. Um beijo Sofia”

O mundo desabou sobre mim naquele momento, senti-me o mais desafortunado dos homens…
No caminho para o hotel, passei pelo mercado local, para me distrair um pouco, quando não é o meu espanto quando vi a Sofia acompanhada pelo marido e ….



Continua...




Capítulo 5

Continuado por: Orlando Dias Agudo




...e fiquei ainda mais desorientado quando reconheci imediatamente o marido de Sofia: era o Gabriel, meu companheiro de liceu, um predestinado para as matemáticas, pouco dado até a namoricos, mas que, pelos vistos, tinha conseguido casar com uma mulher de sonhos. Quando me viu, Sofia fez questão em chamar por mim. Dirigi-me para o casal e tal como eu havia reconhecido imediatamente o Gabriel, ele também me reconheceu de imediato. Caímos nos braços um do outro, perante o olhar estupefacto de Sofia e o diálogo logo funcionou:
- Mario, como é bom rever-te! Há anos que não nos víamos...
- Pois, tu nunca vais aos almoços da malta...
- Sabes, a minha vida transformou-se um pouco...Depois da faculdade, as coisas encaminharam-se depressa demais e hoje sou mais escravo do que um ser humano com agenda livre....

Sofia olhava para nós completamente absorta. E foi ela quem interrompeu aquele diálogo:
- Mas...vocês conhecem-se?
- Claro que sim – adiantou-se Gabriel – nós fomos colegas de liceu e depois as nossas vidas seguiram rumos diferentes...
-Mas este é o Mario que me salvou no meio do nada, quando fiquei sem automóvel...
- Foste tu ?
- Fui....mas fiz apenas o meu dever....
- Temos de comemorar este encontro e tenho de te agradecer o facto de teres safado a Sofia de um problema...Olha: vens hoje jantar connosco e a nossa casa. Não me digas que não podes...
- Poder posso...mas se calhar estrago os vossos planos...

Sofia salvou a situação:
- Não temos nada combinado...Aliás quem encomenda jantar para dois, encomenda para três...

E ficou combinado o jantar. Não deixei de reparar no agrado que a ideia provocou em Sofia, que me fulminou com um olhar malicioso que eu não esperava. E não evitou um piscar de olho ainda mais provocante, que me arrepiou perante a hipótese de Gabriel poder ter visto e interpretado mal.
A caminho do hotel não deixei de pensar no Gabriel que eu conhecera: era um rapaz algo introvertido, que só via número á sua frente, daí ter escolhido uma área de ciências enquanto eu havia seguido letras. O que me admirava era ele ter conseguido uma mulher daquelas, bonita de verdade e com um corpo de espantar. Decerto que durante o jantar ia conseguir descobrir como tinha ele conseguido alcançar aquela meta.

O jantar estava marcado para as 9 da noite. Mas fiz questão de chegar um pouco antes. Quando bati á porta foi Sofia quem veio abrir. Antes de me mandar entrar, brindou-me com um beijo na boca que me deixou atarantado. Depois disse:
- Entra. O Gabriel foi encomendar o jantar e ainda não regressou. Ainda bem que vieste mais cedo...

Continua...



Caro leitor, agora é a sua vez de dar continuidade a este conto.
Aceita este desafio ? Então, envie-nos o seu texto para: ordapt@yahoo.es


sábado, outubro 22, 2005

Em Amares - Pedro Barroso apelou ao "direito à indignação"


Realizou-se em Amares, no Salão Nobre da Câmara Municipal, uma palestra / debate que se insere no projecto intitulado, “Ciclo de Conferências Jovens-Ganha Asas”, da responsabilidade do Grupo Desportivo Cultural e Recreativo Amarense.


Num auditório cheio, de um público atento e participativo, Pedro Barroso, após ter feito uma retrospectiva da sua carreira, onde recordou o antigo regime e as peripécias e "fintas" que pregavam à censura. Falou das tendências e evolução da música portuguesa e da dificuldade actual, que os artistas portugueses tem, no acesso às rádios e televisão estatais.


Insurgiu-se contra as denominadas "playlists", que excluem — segundo ele — quase por completo, o acesso dos artistas portugueses a esses meios de comunicação.


Afirmou também, existir um "index de cento e tal nomes, cortados ou excluídos" e apelou aos portugueses, para o "direito à indignação".
Sugeriu, que todos protestem pelos meios que tiverem ao seu alcance, contra a política seguida pelas rádios e televisão estatais, ecrevendo e enviando fax´s, e Email´s, manifestando o seu desagrado pela situação, que é insustentável.

Araújo

sexta-feira, outubro 07, 2005

Exemplo de "poupança" de água em Amares


Ao contrário de todas as campanhas de sensibilização, que apelam para a poupança do precioso líquido, aqui, desde à semanas, (meses?) a água corre livremente desta torneira, "artisticamente ornamentada” com fita adesiva e pontas de fio eléctrico.


Isto é no WC, de uma instituição pública e nobre, na sede do Concelho de Amares.

É caso para dizer:
Mete Engulho !

Manuel Araújo

terça-feira, outubro 04, 2005

Choque frontal em Palmeira




Uma colisão frontal entre dois automóveis de mercadorias em Palmeira, causou três feridos ligeiros, revelou fonte da GNR.

O acidente ocorreu cerca das 13:30 horas, tendo os feridos sido transportados ao Hospital de Braga.

Devido ao acidente, o trânsito esteve condicionado, mas a via não chegou a ser cortada ao trânsito.

Manuel Araújo

segunda-feira, outubro 03, 2005

“O património artístico vai cair de podre”


Escultor Jorge Oliveira, lamenta falta de apoios e incentivos aos poucos que ainda sabem restaurar arte

Jorge Oliveira, é um escultor com uma ampla obra de qualidade reconhecida. Dedica-se essencialmente à arte sacra e assume-se como um autodidacta. Natural de Braga, tem 35 anos é casado e reside em Amares desde 1987. É reconhecido em praticamente todo o país, mas é um quase desconhecido na sua região. Quanto à escultura em Portugal, lamenta a falta de apoios e alerta que Portugal corre o risco de perder todo o seu imenso património, por falta de capacidade para restauro. — "As nossas igrejas e catedrais, um dia, serão betão armado com uns desenhos, porque a talha vai cair de podre e não vai haver quem a restaure” — avisa.

Como é que tudo começou e porquê a escultura ?

Iniciei-me na escultura por intuição e interesse pela arte, mas também foi por necessidade. Aos nove anos fiquei órfão de pai, éramos sete irmãos e comecei a trabalhar como aprendiz de entalhador. Aos quinze anos a talha já não me dizia nada. Então comecei por fazer umas peças ao fim de semana, e com o tempo notei que as minhas peças tinham aceitação e eram já cobiçadas por muita gente, aí convenci-me que tinha algum talento e dediquei-me cem por cento à escultura.

Qual a sua relação, e o que é para si a escultura?

Para mim a arte é o meu segundo casamento, a minha segunda paixão, não posso viver sem ela.

Qual a importância da tecnologia na escultura?

A tecnologia no meu atelier ainda não chegou, é tudo manual. Quando entra a tecnologia na escultura, já é uma indústria. Eu sou um escultor 100% artesanal.

Considera o seu trabalho objectos de arte ou de consumo?

A escultura não é um bem de primeira necessidade. O meu trabalho é arte.

Ao longo da sua vida tem executado inúmeras obras, desde a gravura manual, a escultura e também o desenho, qual delas lhe dá mais prazer?
Sim é verdade, faço tudo isso. Mas, o que me dá mais prazer, são as obras que idealizo e concebo desde o esquiço no papel à escultura final.

O que acha do estado actual da escultura portuguesa, são apoiados por alguma entidade?
Não, infelizmente não somos apoiados por ninguém. Estamos num país onde nós passamos ao lado. Temos um imenso património, uma riqueza incalculável e um dia quando chegar o dia de deitar a mão a esse património, não vai haver ninguém com conhecimentos. Creio que as nossas igrejas e catedrais, um dia será betão armados com uns desenhos, porque a talha vai cair de podre e não vai haver quem a restaure.

O Jorge Oliveira é conhecido e reconhecido, praticamente de norte a sul do nosso país, mas na sua terra parece que nem tanto. É verdade que os “santos do pé da porta não fazem milagres”?, porquê.

Exactamente, isso é uma realidade. É uma afirmação um pouco dura, mas sou capaz de afirmar que sou mais conhecido em Barcelona, ou do Porto para sul, do que na minha própria terra. É frustrante.

A Arte de esculpir tem futuro ?

Eu quero acreditar que sim e luto para que isso aconteça.


Que sentiu, quando o Eng. Mesquita Machado, numa recente apresentação, de um seu trabalho em Braga, lhe dirigiu honrosos e rasgados elogios ?

Senti um arrepio enorme, fiquei até sem palavras e ao mesmo tempo, reforçou a minha grande vontade de continuar com esta arte.

Manuel Araújo
araújo@swissinfo.org

in Terras do Homem


domingo, outubro 02, 2005

Navarra reforça identidade com símbolos heráldicos

Navarra é uma freguesia situada a norte do concelho de Braga, com 2,24 km de área, 454 habitantes e uma densidade populacional de 202,7 habitantes/km. A agricultura foi a principal fonte de riqueza desta população, nos tempos mais remotos, hoje, outras actividades ajudam a suportar a economia da freguesia, particularmente a industria e o sector terciário. Mas, na agricultura, a produção vinícola e o cultivo do milho, é ainda hoje, o sustento de algumas famílias. No enquadramento histórico do processo de heráldica da Freguesia de Navarra, perde-se no tempo, a fundação desta freguesia bracarense. Embora sejam escassos os seus dados históricos, sabe se por exemplo, que a antiga localidade de S. Lourenço de Navarra foi, durante mais de um século, uma vigararia anexa à abadia de Crespos. Em 1757, ambas as localidades possuíam 123 fogos.


Foi no passado dia 2 de Outubro, que os habitantes da freguesia de Navarra, viram pela primeira vez, os Símbolos Heráldicos da Freguesia de Navarra.
Foi uma cerimónia simples, levada a cabo pelo Presidente da Junta de Freguesia de Navarra, Sr. Francisco Oliveira, pelo Presidente da Assembleia Municipal, Sr. José António e demais executivo, que fizeram questão em afirmar, de que “não se trata de uma inauguração, mas sim da apresentação, de uma obra só agora finalizada”.
Também o pároco da freguesia e o Presidente da Câmara Municipal de Braga, Eng. Mesquita Machado, estiveram presentes.

A nova bandeira de Navarra foi içada, depois de uma cerimónia de bênção e da explicação da heráldica escolhida, pelo Sr. José António, Presidente da Assembleia Municipal;


OS SÍMBOLOS HERÁLDICOS
O Brasão, é o conjunto de elementos simbólicos, representativos da Freguesia, que teve parecer favorável da Comissão Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses, nos termos da Lei 53/91 de 7 de Agosto, assim ordenados:

• Uma coroa mural de prata de três torres.
• Grelha a negro grelha que surge em representação do santo padroeiro da Freguesia S. Lourenço.
• O cacho de uvas de púrpura, folhado e gavinhado de verde – simbolizando a agricultura que foi a principal fonte de riqueza da população, nos tempos mais antigos.
• A faixa ondulada de azul e prata representa o rio Cávado que banha a Freguesia.
• E por fim, um listel branco, com a legenda: NAVARRA.



Durante a cerimónia, foi apresentado um brasão em madeira de castanho, esculpido pelo artista amarense, Jorge Oliveira, obra, apresentada pelo Eng. Mesquita Machado, tendo o jovem artista, sido alvo de honrosos aplausos e rasgados elogios da generalidade dos presentes, levando o Eng. Mesquita Machado a afirmar, “tudo fazer” para que “esta arte não desapareça”, e que terá “todo o apoio” da sua parte.
No que se refere às lacunas da freguesia (saneamento e pavimentos), promete empenhar-se, e apoiar o executivo, na sua execução.


No final desta parte protocolar, todos os que aderiram a esta cerimónia, puderam participar num fausto aperitivo.

Manuel Araújo

terça-feira, setembro 27, 2005

Acidente em Amares fez um morto e três feridos

Acidente em Amares fez um morto e três feridos

Um morto e três feridos, um dos quais com gravidade, foi o resultado de um violento acidente ocorrido hoje perto do meio dia, em Amares.

No acidente estiveram envolvidas duas viaturas, uma carrinha dos CTT e um veículo ligeiro onde seguiam três pessoas, uma teve de ser desencarcerada.

A cena do acidente. passou-se num cruzamento, junto a um Parque Industrial, onde a sinalização é inexistente. Outros acidentes já alí tiveram lugar, mas felizmente sem vítimas mortais.





Manuel Araújo


sábado, setembro 17, 2005

Constituição de Associação dos Amigos dos Animais de Amares em estudo

Está elaborado, o Estatuto da Associação dos Amigos dos Animais de Amares, e pronto para ser discutido e aprovado.

Só assim, podermos ser constituídos legalmente como Associação para poder fiscalizar o exacto cumprimento das leis e regulamentos que proíbem e punem os maus tratos aos animais solicitando, para esse efeito, das autoridades superiores policiais, ou quaisquer outras, o auxílio que seja necessário.

A Associação de Amigos dos Animais de Amares será uma associação sem fins lucrativos, e terá como objectivo a defesa e protecção dos animais abandonados e maltratados.

O seu objectivo é melhorar por todas as formas ao seu alcance, as condições de vida dos animais, empregando entre outros, os seguintes meios:

- Solicitar das autoridades a adopção de todas as medidas que visem impedir e reprimir tudo quanto represente crueldade para com os animais;

- Fiscalizar o exacto cumprimento das leis e regulamentos que proíbem e punem os maus tratos a animais solicitando, para esse efeito, das autoridades superiores policiais, ou quaisquer outras, o auxílio que seja necessário;

- Exercer os direitos de parte principal ou de assistente dos sócios em quaisquer processes jurídicos respeitantes a animais;

- Instituir e manter serviços de assistência permanente aos animais;

- Contrariar por todos os meios legais a realização de espectáculos, exibições ou actos em que manifestamente se verifique a prática de crueldades ou violências desnecessárias aos animais;

- Realizar a propaganda dos fins e objectivos da Associação através dos meios de comunicação social locais ou por qualquer outros processos;

- Apresentar a consideração das Autoridades Administrativas, projectos ou pareceres julgados de interesse para a causa zoófila e bem assim promover ou auxiliar a realização de congressos de instituições congéneres e de beneficência onde possam ser tratados assuntos de reconhecido valor para a missão a que se consagra;

- Exercer a protecção directa ou indirecta aos animais por todos os demais meios ao seu alcance e dispor, a fim de cumprir cabalmente os seus fins.

Diga-nos o que pensa sobre esta acção.

Se está de acordo e se pretende aderir ao Grupo de Amigos dos Animais, deixe o seu contacto.

A sua colaboração é importante, é necessário contituir-nos jurídicamente, por isso, junte-se a nós e traga mais um amigo.


Associação de Amigos dos Animais de Amares

quarta-feira, setembro 07, 2005

APELO Canino


Recebi este email e senti uma estranha emoção, porque isto é real, ainda existem pessoas que abandonam os seus melhores amigos. Estamos no período de verão... e actos egoístas, e irracionais acontecem com frequência. Por favor, não transformem em problema a fiel companhia dos vossos melhores amigos; Solicito-vos que abram a consciência dos ignorantes... para assim podermos acabar com os maus tratos aos animais, especialmente com o abandono . Leia o Diário de um Cão, é forte, aliás, muito forte... e infelizmente muito verdadeiro...


O DIÁRIO DE UM CÃO


1ª Semana
Hoje completei uma semana de vida. Que alegria ter chegado a este mundo!
1 Mês
A Minha mãe cuida muito bem de mim; É uma mãe exemplar.
2 Meses
Hoje separaram-me da minha mãe. Ela estava muito irrequieta e, com seu olhar, disse-me adeus. Espero que a minha nova “família humana” cuide tão bem de mim como ela o fez.
4 Meses
Cresci rápido, tudo me chama a atenção. Há várias crianças na casa e para mim são c omo “irmãozinhos. Somos muito brincalhões, eles puxam-me o rabo e eu mordo-os na brincadeira
5 Meses
Hoje deram-me uma bronca .A minha dona ficou incomodada porque fiz xixi dentro de casa, mas nunca me haviam ensinado onde deveria fazê-lo. Além do que, durmo no hall de entrada. Não deu para aguentar...
8 Meses
Sou um cão feliz, tenho o calor de um lar; sinto-me tão seguro, tão protegido. Acho que a minha família humana me ama e me dá muitas coisas.
O pátio é todinho para mim e, às vezes, excedo-me, cavando na terra como meus antepassados, os lobos quando escondiam a comida; Nunca me educam... Deve ser correcto tudo o que faço.
12 Meses
Hoje completo um ano. Sou um cão adulto, os meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulho devem ter de mim.
13 Meses
Hoje acorrentaram-me e fico quase sem poder movimentar-me até onde tem raio de sol ou quando quero alguma sombra. Dizem que vão me observar e que sou um ingrato. Não compreendo nada do que está a acontecer.
15 Meses
Já nada é igual... moro na varanda. Sinto-me muito só. A Minha família já não me quer! Às vezes esquecem-se que tenho fome e sede. Quando chove, não tenho tecto que me abrigue.
16 Meses
Hoje tiraram-me da varanda. Estou certo de que a minha família me perdoou. Eu fiquei tão contente que pulava com gosto. O meu rabo parecia um ventilador. Além disso, vão levar-me a passear. Dirigimo-nos para a estrada e, de repente, pararam o automóvel. Abriram a porta e eu desci feliz, pensando que passaríamos o nosso dia no campo. Não compreendo porque fecharam a porta e se foram “Ouçam, esperem” Ladrei... esqueceram-se de mim. Corri atrás do carro com todas as minhas forças. A minha angústia crescia ao perceber que quase perdia o fôlego. Eles não paravam. Haviam-me esquecido!
17 Meses
Procurei em vão achar o caminho de volta ao lar. Estou só e sinto-me perdido! No meu caminho existem pessoas de bom coração que me olham com tristeza me dão algum alimento. Eu agradeço-lhes com o meu olhar, desde o fundo da minha alma. Eu gostaria que me adoptassem: seria leal como ninguém, Mas apenas dizem: “pobre cãozinho, deve ter-se perdido.
18 Meses
Um dia destes, passei perto de uma escola e vi muitas crianças e jovens como os meus “irmãozinhos” aproximei-me e um grupo deles, rindo; atirou-me uma chuva de pedras “para ver quem tinha melhor pontaria. Uma dessas pedras, feriu-me o olho e desde então, não vejo com ele.
19 Meses
Parece mentira. Quando estava mais bonito, tinham compaixão de mim. Já estou muito fraco; meu aspecto mudou. Perdi o meu olho e as pessoas mostram-me a vassoura quando pretendo deitar-me numa pequena sombra.
20 Meses
Quase não posso mexer-me. Hoje, ao tentar atravessar a rua por onde passam os carros, um acertou-me. Eu estava no lugar seguro chamado “calçada “, mas nunca esquecerei o olhar de satisfação do condutor, que até se vangloriou por acertar-me. Oxalá me tivesse matado! Mas só me deslocou as patas traseiras. A dor é terrível! As minhas patas traseiras não me obedecem e com dificuldade arrastei-me até a relva, na beira do caminho

Faz dez dias que estou debaixo do sol, da chuva, do frio, sem comer. Já não posso mexer-me! A dor é insuportável! Sinto-me muito mal, fiquei num lugar húmido e parece que até o meu pêlo está a cair...

Algumas pessoas passam e nem me vêem; outras dizem: “não te chegues perto”.
Já estou quase inconsciente; mas alguma força estranha me faz abrir os olhos. A doçura de sua voz fez-me reagir. “Pobre cãozinho, olha como te deixaram”, dizia uma senhora... com ela, estava um senhor de avental branco. Começou a tocar-me e disse: “Sinto muito senhora, mas este cão já não tem remédio, é melhor que pare de sofrer”. A gentil senhora, com as lágrimas rolando pelo rosto, concordou. Como pude, mexi o rabo e olhei-a, agradecendo-lhe que me ajudasse a descansar. Somente senti a picada da injecção e dormi para sempre, pensando porque tive que nascer se ninguém me queria...



Passa este e-mail a todas as pessoas puderes.
O melhor dos amigos vai agradecer...



OBRIGADO !

Constituição de Associação dos Amigos dos Animais de Amares em estudo

Está elaborado, o Estatuto da Associação dos Amigos dos Animais de Amares, e pronto para ser discutido e aprovado. Só assim, podermos ser constituídos legalmente como Associação, para poder fiscalizar o exacto cumprimento das leis e regulamentos que proíbem e punem os maus tratos aos animais solicitando, para esse efeito, das autoridades superiores policiais, ou quaisquer outras, o auxílio que seja necessário.

  • A Associação de Amigos dos Animais de Amares será uma associação sem fins lucrativos, e terá como objectivo a defesa e protecção dos animais abandonados e maltratados.


  • O seu objectivo é melhorar por todas as formas ao seu alcance, as condições de vida dos animais, empregando entre outros, os seguintes meios:


  1. - Solicitar das autoridades a adopção de todas as medidas que visem impedir e reprimir tudo quanto represente crueldade para com os animais;
  2. - Fiscalizar o exacto cumprimento das leis e regulamentos que proíbem e punem os maus tratos a animais solicitando, para esse efeito, das autoridades superiores policiais, ou quaisquer outras, o auxílio que seja necessário;
  3. - Exercer os direitos de parte principal ou de assistente dos sócios em quaisquer processes jurídicos respeitantes a animais;
  4. - Instituir e manter serviços de assistência permanente aos animais;
  5. - Contrariar por todos os meios legais a realização de espectáculos, exibições ou actos em que manifestamente se verifique a prática de crueldades ou violências desnecessárias aos animais;
  6. - Realizar a propaganda dos fins e objectivos da Associação através dos meios de comunicação social locais ou por qualquer outros processos;
  7. - Apresentar a consideração das Autoridades Administrativas, projectos ou pareceres julgados de interesse para a causa zoófila e bem assim promover ou auxiliar a realização de congressos de instituições congéneres e de beneficência onde possam ser tratados assuntos de reconhecido valor para a missão a que se consagra;
  8. - Exercer a protecção directa ou indirecta aos animais por todos os demais meios ao seu alcance e dispor, a fim de cumprir cabalmente os seus fins.



Diga-nos o que pensa sobre esta acção.

Se está de acordo e se pretende aderir, ou colaborar com o Grupo de Amigos dos Animais de Amares, deixe o seu contacto.

A sua colaboração é importante, por isso, junte-se a nós e traga mais um amigo.


Associação de Amigos dos Animais de Amares

Email: aaaa@oniduo.pt

sexta-feira, setembro 02, 2005

Apelo

“Ajudem-me, quero voltar a viver”.

O Adriano, é um jovem, proveniente de uma humilde mas honrada família de Barcelos.
Entrou muito novo no mundo da ilusão da droga, pela mão de “amigos” que o convidaram a experimentar a “inofensiva erva”, os anos passaram, as doses foram aumentando e hoje, após ter passado por todas as drogas, a heroína já é “leve”.

O Adriano, hoje com 32 anos, está cansado da vida auto-exclusão a que foi votado.
Está revoltado e arrependido de todas os erros cometidos. Quer pedir perdão ao amigos, familiares, conhecidos e desconhecidos, quer redimir-se. - “ Não posso continuar assim!” - Garante com voz firme.

O Adriano afirma-se convicto, que chegou a uma fase, em que só vê dois caminhos a seguir:
1. A mão amiga de alguém, que o encaminhe para um “centro de reabilitação” – “ou mesmo uma prisão”, porque ele está disposto a “sofrer o que for preciso, para sair deste inferno”. E implora: “metam-me onde quiserem, mas ajudem-me!
2. O segundo caminho, é o da morte, - “ prefiro morrer a continuar assim”, - “não aguento mais, o ter de roubar para o vício diário, dormir ao relento, comer restos dos contentores, viver na imundice, enganar os amigos e familiares, o não poder ter uma vida normal, um emprego e o mais importante de tudo, não ter uma família”. “Pode ser, que ainda vá a tempo e me perdoem...” - Declara cabisbaixo e com a voz turvada pela emoção, com uma lágrima que teima correr-lhe pelo rosto.

A história do Adriano, infelizmente, é comum a milhares de portugueses, que diariamente lutam para obter a dose diária e se resignam, sofrem e morrem no silêncio e anonimato. Os que morrem são apenas mais um número para as estatísticas. Nada mais.
Mas o Adriano, decidiu não ser igual a todos os outros, não se resigna, quer lutar, sofrer se for preciso e quer provar a todos, que ainda é possível mudar a vida.
Para o demonstrar, fez já análises clínicas, que orgulhosamente ostenta, onde, nenhuma doença comum a toxicodependentes lhe é diagnosticada. – “Estou limpo, ajudem-me, quero voltar a viver”.

Manuel Araújo
araujo@swissinfo.org

“Já temos que cortar na comida e nos medicamentos”

Família de deficientes, vive dias de amargura
















O sr. Américo Xavier, septuagenário, mora numa casa arrendada, nos arredores da cidade de Braga. Juntamente com a sua esposa da mesma idade, vive também uma filha.
À primeira vista, uma família como tantas outras, não fossem uma série de factores, que nos levam a pensar o contrário;



A esposa do Sr. Xavier, tem paralisia cerebral e um sem fim de complicações. Está paralisada e prostrada no seu leito e necessita de todos os cuidados, desde a alimentação, higiene e controle da doença.

A filha que vive com eles, de bom grado faria tudo pela mãe, mas não a pode ajudar muito, porque sofre de deficiência física congénita, a qual, não lhe permite “dar as voltas que gostaria”, porque “ela é muito pesada, é um peso morto” e “nós não temos força”, nem dinheiro para pagar a quem nos ajude.

Triste, desanimado e cabisbaixo, o Sr. Xavier conta-nos, que já solicitou ajuda a várias instituições e sistematicamente, todas lhe tem negado o apoio. - “ estou farto de pedir...” – lamenta-se.

Indagado sobre o motivo das recusas, respondeu-nos, que não sabe qual o motivo. Afirma que são doentes, não são “ricos” e vivem da reforma, que é “cada vez mais curta”.

Mas, afirma que não vai desistir dos seus direitos e uma vez mais, esta semana voltou a pedir ajuda aos serviços Sociais. “ Vamos lá ver o que isto vai dar...”

A casa onde vivem “está a necessitar de obras”, porque no Inverno “a água escorre pelas paredes e atravessa o soalho”, é impossível respirar, por causa da humidade.

“Bem gostaria de fazer aqui umas reparações”, mas “também não temos dinheiro”.¬— Lamenta.

O sr Xavier, é pai de oito filhos, a maioria dos quais, já lhes “perdeu o rasto” e talvez já “não queiram saber de nós, mas, os que nos querem ajudar, esses não tem posses”.

A família está no limite do desespero, porque o dinheiro da reforma já não chega, por isso, afirma que já tem - “que cortar na comida e outras vezes nos medicamentos”



Já cansado, sem muitas esperanças, em tom pesaroso e com uma certa raiva, desabafa – “que raio, ao menos que nos paguem as fraldas...”


© Manuel Araújo

araujo@swissinfo.org

sexta-feira, agosto 26, 2005

No próximo ano, nova tragédia está garantida

Todos os anos, dantescas cenas se repetem por todo o país.
Até ao dia de hoje, eram já, cerca de 200 mil hectares de matas e dezenas de casas queimadas.

São milhões de euros de prejuízos. É o gado, a caça dizimada e as culturas destruídas. São inúmeras, as espécies florestais únicas, aniquiladas pelas chamas. São famílias que ficaram, de um momento para o outro sem nada. Mas, pior que tudo isto, são já as muitas vidas que se tem perdido.

E, todos os anos é a mesma coisa.... As desculpas, são também as mesmas; “É o clima, as altas temperaturas e os incendiários inimputáveis”.

É triste... e já cansa de ouvir sempre o mesmo e no próximo ano, se não forem tomadas medidas sérias, corajosas e eficazes, e os culpados não forem severamente punidos, nova tragédia está garantida...


VIANA DO CASTELO: Moradores, observam o incêndio que lavrou durante vários dias, na encosta do monte de Stª Luzia. antes de serem evacuados. Só no distrito de Viana do Castelo, 70% da sua floresta, foi destruida pelo fogo

O último trovador

PEDRO BARROSO




Pedro Barroso nasceu em Lisboa em 1950, mas vive desde os primeiros meses da sua vida em Riachos, uma pacata e simpática vila ribatejana.

Pedro Barroso, nos seus espectáculos, canta-nos os seus temas de sempre - a mulher, o mar, a natureza, os tipos humanos, a solidariedade, o amor e a portugalidade... em suma, espectáculos cultos, dignos, fortes e emotivos, com uma relação muito especial com a assistência.

Encontrámo-lo por aí, num dos muitos concertos de verão, ou “encontros de amigos” como ele gosta de lhe chamar. Foi em Terras de Bouro no Minho, onde teve uma recepção apoteótica, numa praça cheia, de uma assistência atenta e conhecedora da sua obra, que vibrava, a cada acorde da sua guitarra.



Manuel Araújo (*)




O que pensa do actual panorama da música portuguesa ?


Os artistas não são seguramente menos importantes que os médicos, ou os políticos, para a construção do conceito de País. Se considerarmos a projecção do acto cultural no meio nacional, acharemos até que o Artista se substitui muitas vezes ao Estado em acções que, embora de âmbito profissional, são inequivocamente pedagógicas, educativas e divulgadoras de cultura.
Em muitas aldeias, por vezes, se não fosse a Festa Anual, paga do bolso dos próprios habitantes, não haveria outra oportunidade de ver espectáculo, cantores, músicos, instrumentos musicais, teatro, numa palavra - Festa. E as referências culturais seriam seguramente menores.

Depreende-se das suas palavras, que a situação não é das melhores.

Em Portugal, a situação tem vindo a degenerar-se, em termos de auto-estima nacional. As embaixadas e visitas de estado, levam empresários e poucos, raros e sempre os mesmos artistas.

Explique melhor...

O Manifesto incluso no meu site www.pedrobarroso.com, explica mais detalhadamente, este beco de desautorização e menos auto-estima em que nos fomos enfiando, desde há uns anos a esta parte.

Porque será ?

Um enigma. Com soluções à vista, mas do foro judiciário. Tem-se tentado não investigar, mas ainda recentemente, as grandes multinacionais nos USA foram indiciadas por controle das rádios. Aqui, como habitualmente, o caso é complexo fere muitas susceptibilidades e não se avança...

E os Governos ?

Os governos proclamam solidariedade com os músicos, mas não existe classe mais descartável após os momentos apertados das eleições, em que sempre são necessários e úteis.
Em Portugal, o acesso à música é facilitado ?
O disco é cobrado com IVA como um luxo; os instrumentos musicais; o ensino da música etc. Um país culto e aberto às artes advoga uma facilitação total para que os seus filhos aprendam artes. Aqui é um esforço suplementar que os pais tem de fazer para que os seus filhos aprendam música, a retirar do orçamento familiar sem quaisquer subsídios...

Quem se ouve na rádio e televisão ?

Nas rádios passam-se invariavelmente os mesmos nomes.

Quem são ?

Sempre os mesmos não vou dizer quem - é só ouvir.... Estranho, não? Neste momento nem Zeca Afonso; nem Amália sequer. Na Antena Um, a programação é destinada ao que parece, a um target de 30 anos, música moderna, chamam-lhe. E depois, só passam discos de umas duas ou três editoras, porque será? Será que todos os restantes artistas portugueses desapareceram ou nunca existiram?

Já actuou em toda a Suíça ?

Lembro com grande saudade e muita ternura todas as deslocações á Suíça, mas até hoje, circunscrevi-me infelizmente a Zurique e Geneve. Tenho uma ligação muito forte com a Comunidade residente e fiz a inauguração do Café Literaire Fernando Pessoa . Possuo bons amigos que gostaria de rever. Alguns mandam-me prendas pessoais, palavras bonitas.

Chegou então a hora de voltar a actuar em terras helvéticas ?

Creio sim senhor que esteja na altura de voltar, para fazer o tal concerto maior, com a dignidade requerida. É tempo, dessa comunidade não se contentar com menos e fazer as coisas como deve ser - num Auditório , aberto a todos - suíços, portugueses, ou quem quer que seja... - só assim abrimos, divulgamos e dignificamos as portas da nossa cultura maior. Fico por enquanto a aguardar...


(*)Entrevista e fotos








Encontro de amigos no camarim.


Pedro Barroso

Percurso de mais de 35 anos



Em 1969 estreia-se no célebre programa Zip-Zip, dos mediáticos Carlos Cruz, Raul Solnado e do saudoso Fialho Gouveia.

Em 1970 publica o seu primeiro disco “Trova-dor” e entra na Companhia do Teatro Experimental de Cascais onde participa como actor, músico e cantor em várias peças. Produz entretanto alguns programas para Rádio e Televisão (“Musicarte”, “Tempo de ensaio”, etc.).

Embora por norma ande arredado dos grandes centros de decisão e insista em viver no campo, retirado das tertúlias tem gravado com grande regularidade, ao longo de mais de 30 anos de carreira.

Recebeu até hoje vários prémios nacionais e internacionais tais como prémio para a melhor canção de 1987 (Menina dos Olhos d’água), o Prémio Directíssimo; o Troféu Karolinka (Festival Menschen und Meer, RDA 81), diploma de mérito da Secretaria de Estado do Ambiente (88); Troféu Lusopress (Paris 93) e ainda o título de “Ribatejano Ilustre” atribuído pela Casa do Ribatejo (94).

Cantou até hoje em praticamente todo o território nacional e ainda em Espanha, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Alemanha, Suécia, Inglaterra, Canadá, Brasil, Hungria, Macau, Estados Unidos e Suíça.

Com a atribuição a José Saramago do prémio Nobel da Literatura em 1998, torna-se num dos muito poucos autores que com ele partilha obra publicada - canção Afrodite (in LP Água mole em pedra dura, 1978).

Continuando, com regularidade, os registos e concertos, publica em 1999 o CD “Criticamente” e em 2001 o CD “Crónicas da Violentíssima Ternura”.
No Natal de 2002 editou um CD, de seu título genérico “De viva voz” que regista ao vivo temas gravados em pontos vários nos últimos cinco anos e que, embora com a qualidade técnica permitida pelas circunstâncias, se converte num documento único de grande valor como memória de um estilo bem pessoal e da emoção vivida em palco em alguns momentos.

A par com uma fecunda discografia como autor e compositor (cerca de 30 discos editados, entre Ep’s, singles, LP’s, CD’s, Antologias várias e discos colectivos), tem publicado também poesia; “Cantos falados” em 1996, que reúne toda a sua poesia - de canção e não só, em 2003, publicou o livro “das Mulheres e do Mundo”.
Como artista plástico amador, usa o heterónimo Pedro Chora e, como tal, tem exposto desenho e escultura em várias Galerias.

Considerado como um dos últimos trovadores de uma geração de coragem que ajudou pela canção a conquistar as liberdades democráticas para Portugal, continua a constituir-se como uma alternativa sempre diferente nos seus concertos, repletos de emoção e coloquialidade.

Celebrou no ano de 2004 o seu 35º aniversario de autor poeta e compositor lançando o CD “Navegador do Futuro” da Ed. Ocarina, com actuações de norte a sul de Portugal.
Mantendo uma preferência especial pelos concertos ao vivo, neles continua evocando os seus temas de sempre - a mulher, o mar, a natureza, os tipos humanos, a solidariedade, o amor, a portugalidade...

Talvez por isso, convidar Pedro Barroso para uma actuação significa optar por um espectáculo culto, digno, forte e emotivo, com uma relação muito especial com a assistência.

quinta-feira, agosto 25, 2005

PEDRO CHORA - artista plástico

















De seu nome completo, o homem responde administrativamente como António Pedro da Silva Chora Barroso.

É, enquanto tal, autor, criador, buscador do belo e da alma das coisas.

A sua face mais conhecida é como Pedro Barroso, músico, poeta e autor-compositor. Homem de silêncios, denúncias e compromissos.

O nome Pedro Chora é o que escolheu para aparecer, sempre que se trata de exibir em qualquer parte a sua faceta de artista plástico amador.

Pintura, desenho, escultura... são hobbies que cultiva como quem levanta a cabeça do papel e dos teclados e descobre um mundo fascinante que não se descreve, apenas se respira e nos transcende.

Não pretende hostilizar ninguém na área em que é o mais humilde aprendiz de feiticeiro.

A sua arte, se alguma houver, é a de juntar música e palavras há 35 anos.

Mas, a espaços, lá vai fazendo e guardando desenhos.

Coisas que faz entre os versos.

Exorcismos sobre o Mundo. E a Mulher, seu tema de sempre.

Desenhos pré-versos, parece portanto um nome genérico bem adequado a esta exposição.

Considera que nesta área a sua maior aprendizagem foi ouvir, ver e conviver com os que sabem.

Teve um convívio íntimo especial e privilegiado com o Mestre Martins Correia, de quem foi amigo, discípulo e confidente durante muitos anos. Esse conviver com tal genialidade marcou-o para toda uma opção estética de vida.

A sua amizade com Alfredo Luz, Manuela Pinheiro, J. Mouga, António Sem, Ana Paula Jesus, José Coelho e tantos outros foi sempre, também, um modo de aprender a ver e a sonhar.

Expõe apenas de longe em longe, e gosta mais de distribuir trabalhos pelos amigos que de os expor de uma forma mais institucional. Com efeito, esta é - pelo menos em exposições a solo e a sério - a exibição mais completa dessa "faceta" e constitui, decerto, um ponto muito marcante e quase insólito na sua carreira de comunicador e de artista multifacetado.

Expôs até hoje apenas por duas vezes em Riachos em Mostras Colectivas por ocasião de duas Festas da Benção do Gado (1993 e 2000); na Galeria Municipal da Chamusca (93); na Galeria Fonte Nova em Lisboa (89).

Só agora surgem estes Desenhos pré-versos na Galeria Municipal de Abrantes (2004). Com pompa e circunstância.

Digamos que está, não obstante, representado em várias colecções particulares e que já teve um programa na RTP dedicado exclusivamente à sua faceta de escultor amador em 1993.

Nada mau para um simples...músico, cantor e poeta.

Duas palavras sobre esta exposição.

Avulta aqui a transgressão. Sem norte, nem estilo, nem escola definida.

Para que nunca esqueçam os lados mais imersos do poema, da sensualidade e do fantástico.

As coisas que, afinal, dão gozo à existência e dotam a vida de motivos e intenções.

Brincadeiras de criança grande.

A seriedade segue dentro de momentos, promete-se com devida solenidade.

Ou não.

Pedro Barroso



Obs: pedi ao Pedro Barroso para escrever este texto. Muito obrigado por isso. Eu não saberia fazê-lo.


Pedro Chora

quinta-feira, agosto 11, 2005

Agradecimento público

(caso dos invisuais, José Silva e filha Margarida - Caldelas)




Aquela imagem do pai a chorar, porque não tinha dinheiro para operar de urgência a filha, já cega de um olho e com o segundo quase cego, tocou-me profundamente.
Naquela noite, não consegui adormecer e escrevi um artigo emotivo, o qual deu os frutos já conhecidos, reconheço, que houve coisas, que correram menos bem, mas hoje, voltaria a fazer exactamente o mesmo. Era uma corrida contra o tempo, a Margarida estava prestes a cegar.

Hoje sinto-me feliz, sei que o meu alerta só por si, não resolveria nada, se não fosse a solidariedade de muitas pessoas, na maioria anónimas, de Portugal e também do estrangeiro, que prontamente aderiram ao meu apelo.

Pessoalmente, gostaria de agradecer, pela importância que tiveram para o êxito deste caso;
ao Dr. João Oliveira de Caldelas, à Câmara Municipal de Amares,
à Dra. Fátima Fernandes, ex-acessora do Governo Civil de Braga,
aos inúmeros amigos e desconhecidos, que se prontificaram a ajudar.
Margarida, Sr. Domingos Silva e Nuno Araújo da Associação de Invisuais de Braga e por último o José Silva


Por último, ao Sr. Domingos Silva, e à sua Associação de Invisuais, pelo apoio constante e persistente, dado ao Sr. José Silva e sua filha Margarida. Pois, conseguiram tirá-lo de uma depressão profunda e afastar-lhe a ideia mórbida do suicídio, que o acompanhava.

Fizeram que ele voltasse a ter auto estima, ofereceram-lhe formação profissional, e a coisa mais importante; a vontade de continuar a lutar e viver.

Como é do conhecimento geral, o dinheiro arrecadado não chegou a ser utilizado na intervenção cirúrgica.

Recordo, que a operação, foi totalmente suportada pelo Centro Oftalmológico de Coimbra e pelo seu director, Dr. Travassos.

Assim, chegou a ser equacionada a possibilidade de devolver as dádivas, mas surgiu um grande problema; a grande maioria, eram dádivas anónimas. Por esse motivo, optou-se pela compra de um apartamento para a família, que como se sabe, viviam com os avós paternos em condições precárias.

A todos, amigos, anónimos, instituições e Comunicação Social, o meu muito obrigado.

Manuel Araújo

sexta-feira, abril 08, 2005

Morte

Ao amigo chefe António Silva, que vive no seio da sua família, momentos negros e difíceis, receba o meu abraço de amizade, compreensão e os mais sentidos pêsames.



Caro amigo, as vitórias são conquistadas com o esforço diário e dos piores momentos... resultam sempre as mais saborosas vitórias...
Não desista, ÂNIMO!!!

Um grande abraço,

Manuel Araújo

sexta-feira, janeiro 07, 2005