sábado, outubro 25, 2003

Churrasqueira de Caldelas, representa a Região de Turismo do Minho em Santarém.


Manuel Araújo


O Restaurante Churrasqueira de Caldelas mudou-se temporáriamente para a casa do Campino, em Santarém, onde, desde o passado dia 14 e até ao próximo dia 2 de Novembro, decorre o Festival Nacional de Gastronomia de Santarém.
No dia do Minho, no passado domingo, a casa do Campino encheu-se, para saborear a gastronomia regional minhota, ao som do grupo de cantares “Verde Minho” de Amares.

Neste Festival, que já vai na 23ª edição, estão representadas todas a Regiões de Turismo do continente e ilhas, através de restaurantes representativos da gastronomia das respectivas regiões.

Este ano, coube ao Restaurante Churrasqueira, a honra e a responsabilidade de representar a Região de Turismo do Minho e mostrar ao país a gastronomia, ímpar deste verde jardim, que é toda a região minhota.

A equipa do Churrasqueira de Caldelas, supervisionada pelo proprietário sr. José Antunes e chefiada pelos seus dois filhos Miguel e José, tudo fizeram para prestigiar o Minho e em particular o concelho de Amares.

O chefe Silva, verdadeiro embaixador do Minho,também esteve presente e fez as honras da casa apresentando os pratos servidos e a sua confecção, à medida que iam sendo servidos.

De entre as iguarias que se poderam experimentar, destaque para o bacalhau à Caldelas com migas de vargem e também o cabritinho da serra, com arroz do forno de miúdos e grelos . Os sabores regionais servidos à sobremesa, foram entre outros o pudim de Caldelas, os formigos, as “rabanadas churrasqueira” e a laranja de Amares com mel…
Quanto aos vinhos, foram seleccionados os verdes da região, para acompanhar a refeição. Foram os tintos, o brancos e também o espumante de vinho verde, todos da casa da Tapada, que são exemplos da qualidade dos vinhos desta região minhota.

O artesanato de Amares também esteve presente. Doces de laranja, bordados, pintura e a escultura do conhecido artesão amarense Jorge Oliveira, foram muito apreciados.



Para esta deslocação a Santarém, o Restaurante Churrasqueira de Caldelas contou com o apoio logístico da Câmara Municipal de Amares.

Aconselhamos vivamente, uma deslocação a Santarém, “é só um saltinho” e através da A1 são apenas 2 horas e justifica-se a todos os minhotos e não só, pois neste certame, temos o artesanato nacional e inúmeros petiscos que a gastronomia nacional nos pode proporcionar. Vá até lá, pois o Festival Nacional da Gastronomia de Santarém, termina neste fim de semana dia 2 de Novembro de 2003.
Já agora, leve alguém consigo que guie e não beba…

quarta-feira, agosto 20, 2003

Medalha de Mérito Municipal para o escultor Quintino Vilas Boas Neto

Manuel Araújo

A Câmara Municipal de Esposende atribuiu ao escultor Quintino Vilas Boas Neto, a Medalha de Mérito Municipal do Município, como reconhecimento dos munícipes de Esposende, à sua obra e ao seu contributo artístico da arte de trabalhar o granito na região.

A entrega do galardão decorreu no dia 19 de Agosto, em Sessão Solene, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Esposende.

O presidente da Câmara, Fernando Cepa, elogiou o trabalho desenvolvido pelo artista, agradecendo: “ao sr. Quintino Neto, o nosso reconhecimento pela sua dedicação à arte popular da pedra, e que aqui também representa todos aqueles que se dedicam a este nobre ofício".



Quintino Vilas Boas Neto nasceu em Esposende a 15 de Março de 1915, vindo de uma familia modesta, mas com grandes tradições no trabalho da pedra, de seu pai ele aprendeu a difícil arte do lavrar a pedra, ou seja o granito, trabalhando-a de tal maneira, que mais parecia estar a talhar madeira. Foi um dos grandes impulsionadores desta actividade económica e, sobretudo, cultural.

Cedo descobriu um certo talento para a criação, porém a necessidade de ganhar dinheiro para o sustento da familia não Ihe permitiam tais veleidades, sendo obrigado a cumprir compromissos profissionais nesta arte, deixando um pouco de parte a sua veia de artista.

Só muitos anos mais tarde (em finais da década de sessenta, do séc. XX poderá satisfazer esta sua pretensão de criar. Mestre Quintino deixa para trás anos como canteiro e lavrista, ao longo dos quais sairam das suas mãos peças que embelezam e prestigiam casas e capelas por esse pais fora, marcando o nome de Esposende nas muitas pedras que foi trabalhando, e dedica-se a tempo inteiro à sua “arte” - os santinhos de granito.

Na actualidade é grande a actividade ligada ao trabalho da pedra no concelho de Esposende. Muito desse trabalho é o corolário do esforço árduo e teimoso de um homem que um dia sonhou “criar a pedra”.

Indiscutivelmente foi das suas mãos que sairam as primeiras peças em granito que fizeram e fazem a história da escultura popular no concelho de Esposende, podendo mesmo ser apelidado de “pai dos santinhos de granito” de Esposende.

É neste contexto de trabalho, de criação, de divulgação do nome de Esposende além fronteiras, do amor à própria terra, que muitas vezes transferiu para as pedras que trabalhava e de dedicação a uma “arte popular” por si criada e que hoje em dia é um dos cartões de visita de Esposende que se destacou Quintino Vilas Boas Neto.

Desde sempre moldou o granito, mármore e madeira, ensinou a arte aos filhos, atrás deles um sem fim de “escultores” populares que, mantendo esta mesma linha ou com novas criações, viram no Mestre Quintino o seu percursor.
Inspirando-se em todo o género de motivos para que os seus trabalhos fossem apreciados e vendidos, encontrando-se espalhados pelo país e estrangeiro. Santos, santas, fogões de sala, nichos, mulheres e homens nús — “fazia tudo que me pediam, a vida era dura... cheguei a vender obras a 100 escudos, era uma autêntica miséria...”.— recorda tristemente.



Com 87 anos, viúvo e uma grande jovialidade, recorda os momentos áureos das entrevistas aos jornais e a visita a um programa televisivo, muito famoso na altura, que muitos se recordarão, por certo, do “ZIP ZIP”, que tinha como apresentadores o Raul Solnado, Fialho Gouveia e o Carlos Cruz.
Expôs várias vezes, na costa do Estoril e na Feira Internacional de Lisboa, ainda antes do 25 de Abril. Recorda com malícia, um episódio num desses certames, em que um Ministro da altura, que já não recorda o nome, obrigou-o a retirar ao tamanho do pénis de uma estátua de pedra de um nú, apenas por achar que “o coiso” era comprido demais; ...“ e ali mesmo tive de fazer a operação”... conta-nos com um largo e maroto sorriso.

No dia anterior à condecoração, apanhou um grande susto, sentiu-se indisposto e no leito, com o seu habitual e refinado humor, segreda aos mais próximos: “lá se vai a medalha... querem ver que vou morrer hoje?”
Ficou muito satisfeito em ter sido homenageado e espera ter saúde para continuar a dar forma a pedaços de madeira, que ainda, transforma em imagens variadas, para assim vender e equilibrar o seu próprio orçamento, já que a sua reforma é “curta”.

sexta-feira, agosto 08, 2003

“Cancros”do Rio Homem

Esgotos do Concelho de Terras de Bouro, vão directamente para o Rio Homem.



O Rio Homem continua a receber alguns dos esgotos domésticos e presumívelmente industriais, do Concelho de Terras de Bouro. Um “problema ambiental grave, um atentado à saúde pública”, afirmam populares.


Manuel Araújo


Em Pesqueiras, Terras de Bouro, junto ao local onde está instalado um colector, onde presumivelmente convergem os efluentes domésticos ou pluviais da sede do concelho e os da freguesia de Moimenta, encontra-se um tubo, uns metros mais abaixo, dissimulado pela intensa vegetação, que efectua descargas poluentes no ribeiro Gordairas, que é afluente do rio Homem.


O aspecto do leito do ribeiro, no local da descarga é desolador, pois, além de outras matérias poluentes, inerentes a um esgoto doméstico, existe também óleo negro, pesumivelmente de motor, na superfície e nas margens. O ribeiro é horrívelmente nojento, nauseabundo e com um cheiro pestilento.


Afirma um morador, o sr. João, que “não há ainda, qualquer estação de tratamento a funcionar” e que, "temos uma ETAR que está quase pronta, mas ainda não funciona por motivos burocráticos, entretanto, enquanto não resolvem o problema, vai tudo para rio”, afirma.


Outro morador, o sr. João Marques, referindo-se a um tractor cisterna, identificado como sendo da Câmara de Terras de Bouro, disse, que tinha “pena não ter no momento uma máquina fotográfica”, porque o viu “ a descarregar fossa no ribeiro de Gordairas, por baixo do Campo de Futebol, que deixou no ar um cheiro horrível, é uma vergonha” e concluiu dizendo que, “o Ministério do Ambiente devia ser conhecedor deste atentado à saúde pública”.


Ali ao lado, a cerca de duzentos metros, no local onde o ribeiro se junta ao rio Homem, crianças e adultos brincam na água despreocupados. Foi aí que encontramos uma família do sul, que viajava pela primeira vez pelo Minho e falaram connosco. Estavam deslumbrados com o Norte de Portugal, pela hospitalidade das suas gentes, pela verdura, gastronomia, sossego e quietude das águas dos rios. “Este é um local maravilhoso, é mesmo paradisíaco, mas cheira muito mal…”, lamentou o sr. Fernando, enquanto prosseguia com a leitura do seu livro.


Uns quilómetros mais abaixo do local da descarga, alguns pescadores por nós contactados, afirmaram ser frequente a alteração da cor das águas do rio Homem, que dizem ter “dias que parece leite, outros chocolate, não sei o que é, nem sei se é disso (descargas), mas agora aqui não se apanha nada” afirmou o sr. Manuel R., enquanto fazia mais um lançamento e rematava, “ mas já foi pior…”


“Águas turvas em Chamoim”


A linha de enchimento de uma conhecida marca de águas, instalada em Chamoim (Terras de Bouro), pode estar a funcionar em situação ilegal.


Esgotos, provenientes da empresa estão a fazer descargas no rio Rodas, mais conhecido por ribeiro de Pergoim, junto à ponte.


Após vários alertas de pessoas, que afirmam que a água do rio Homem, é por vezes de cor aleitada, subimos o rio e depois o ribeiro até ao local onde está instalada a empresa, afim de averiguar.


Chegamos ao local e de cima da ponte junto da fábrica, eram perfeitamente visíveis dois tubos de esgoto, que no momento da nossa chegada faziam uma descarga colorida.


O líquido despejado pelo esgoto presumivelmente poluidor, naquele momento era escasso e tinha um aspecto aleitado. Descemos de imediato ao ribeiro e recolhemos amostras do líquido, no qual podiam ser observadas em suspensão, partículas azuis e brancas.


“Aquilo queima tudo…”


“Aquilo (esgotos) queima tudo, os pescadores queixam-se de que lhe mataram os peixes e acredito, pois, quase todos os dias o rio fica branco”. Estas afirmações são de uma residente que pede o anonimato, pois “nós precisamos deles, empregam muita gente…” confidenciou.


Receio A unidade fabril está a funcionar naquele local há mais de vinte anos e emprega muitas pessoas, sendo o principal empregador daquela zona, por isso funcionários por nós contactados recusaram-se a comentar as descargas.


Por outro lado, um outro habitante daquela zona, afirmou que aquela descarga “não é perigosa”, que “é das lavagens” e também, que “no inverno nem se nota” porque “o ribeiro leva mais água” referiu.


As trutas


Opinião contrária tem o sr. João Rodrigues, pescador desportivo e conhecedor profundo do rio Homem e do ribeiro de Pergoim, que diz, que “o ribeiro de Pergoim era o principal repovoador de trutas do rio Homem.” E afirma que, “actualmente não existem trutas no ribeiro, a jusante da empresa das águas, porque desde que começaram ali a produzir as garrafas, as trutas desapareceram”. E pergunta, “ porque é, que agora só há trutas dali para cima ?”


O abaixo-assinado


O sr. João Rodrigues, disse ainda, que um grupo de pescadores, está a preparar um abaixo-assinado, com o fim de exigir das autoridades competemtes, medidas para a preservação das espécies no ribeiro de Pergoim e do rio Homem.


Caldelas não sabe o que bebe


Preocupados Os resultados da poluição estão à vista e a Delegação de Saúde de Vila Verde, desaconselhou recentemente os banhos no rio Homem, por isso, alguns moradores de Caldelas por nós inquiridos, já se manifestaram preocupados, pelo facto da captação da água que abastece as termas, ser feita no rio Homem, alguns metros a jusante do local, onde é feita a descarga da ETAR de Caldelas que acusam “nunca ter funcionado como devia”, pondo assim, em causa a salubridade da mesma.


Um dos moradores, referindo-se à água da “companhia”, perguntou: “se a água do rio, não serve para tomar banho, servirá para beber?”


Tudo sob controlo


Sobre os receios e qualidade da água que é fornecida a Caldelas, o presidente da autarquia amarense, José Barbosa, garantiu ao Praça Local que “Caldelas está parcialmente desde o mês de Maio, a ser abastecido com a água do rio Cávado”, que “ passa pela Srª. da Paz sendo depois bombeada a partir da freguesia da Torre” e o “resto do abastecimento, é feito a partir de depósitos e nascentes próprias”. Sossegou a população, garantindo que a água do Cávado“ é analisada semanalmente ou quinzenalmente na pior das hipóteses”.


A “Cimeira do rio Homem”


O edil amarense, inquirido sobre o que pensa, que irá resolver a chamada cimeira do rio Homem disse que, “ se calhar não vai resolver nada, mas, pelo menos para já, vai fazer com que os três municípios (Amares, Vila Verde e Terras de Bouro) tenham uma atitude preventiva relativa ao rio Homem“. Indagado sobre qual dos três municípios era o mais poluidor, foi peremptório em afirmar, “não é Amares que mais contribui para a poluição do Homem“.


“As borbulhas”


Algumas crianças da freguesia da Torre, após banhos no rio Homem, na praia fluvial, notaram o aparecimento de “borbulhas no corpo”. “É da porcaria da água…” afirma uma mãe, que não tinha conhecimento, da recomendação do Centro de Saúde de Vila Verde.


A ETAR


Disse ainda, que na ETAR de Caldelas “foi introduzido equipamento, que lhe permite trabalhar regularmente”. Acrescenta, que os cheiros que se fazem sentir nas imediações, devem-se ao “lixo que é retirado dos tanques, e ali fica a aguardar transporte” o que “deveria ser diáriamente, mas não é”. Refere ainda, que a autarquia deverá “adquirir um camião próprio para esse efeito” pois, “transportar lamas por estrada é complicado” concluiu.


Agosto 2003

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segunda-feira, agosto 04, 2003

“Cancros”do Rio Homem



“Cancros”do Rio Homem


Esgotos do Concelho de Terras de Bouro, vão directamente para o Rio Homem. 

O Rio Homem continua a receber alguns dos esgotos domésticos e presumivelmente industriais, do Concelho de Terras de Bouro. Um “problema ambiental grave, um atentado à saúde pública”, afirmam populares. 

Manuel Araújo 


Em Pesqueiras, Terras de Bouro, junto ao local onde está instalado um colector, onde presumivelmente convergem os efluentes domésticos ou pluviais da sede do concelho e os da freguesia de Moimenta, encontra-se um tubo, uns metros mais abaixo, dissimulado pela intensa vegetação, que efectua descargas poluentes no ribeiro Gordairas, que é afluente do rio Homem. O aspecto do leito do ribeiro, no local da descarga é desolador, pois, além de outras matérias poluentes, inerentes a um esgoto doméstico, existe também óleo negro, pesumivelmente de motor, na superfície e nas margens. O ribeiro é horrivelmente nojento, nauseabundo e com um cheiro pestilento.

Afirma um morador, o sr. João, que “não há ainda, qualquer estação de tratamento a funcionar” e que, "temos uma ETAR que está quase pronta, mas ainda não funciona por motivos burocráticos, entretanto, enquanto não resolvem o problema, vai tudo para rio”, afirma.

Outro morador, o sr. João Marques, referindo-se a um tractor cisterna, identificado como sendo da Câmara de Terras de Bouro, disse, que tinha “pena não ter no momento uma máquina fotográfica”, porque o viu “ a descarregar fossa no ribeiro de Gordairas, por baixo do Campo de Futebol, que deixou no ar um cheiro horrível, é uma vergonha” e concluiu dizendo que, “o Ministério do Ambiente devia ser conhecedor deste atentado à saúde pública”.

Ali ao lado, a cerca de duzentos metros, no local onde o ribeiro se junta ao rio Homem, crianças e adultos brincam na água despreocupados.

Foi aí que encontramos uma família do sul, que viajava pela primeira vez pelo Minho e falaram connosco. Estavam deslumbrados com o Norte de Portugal, pela hospitalidade das suas gentes, pela verdura, gastronomia, sossego e quietude das águas dos rios. “Este é um local maravilhoso, é mesmo paradisíaco, mas cheira muito mal…”, lamentou o sr. Fernando, enquanto prosseguia com a leitura do seu livro.

Uns quilómetros mais abaixo do local da descarga, alguns pescadores por nós contactados, afirmaram ser frequente a alteração da cor das águas do rio Homem, que dizem ter “dias que parece leite, outros chocolate, não sei o que é, nem sei se é disso (descargas), mas agora aqui não se apanha nada” afirmou o sr. Manuel R., enquanto fazia mais um lançamento e rematava, “ mas já foi pior…” 

“Águas turvas em Chamoim”


A linha de enchimento de uma conhecida marca de águas, instalada em Chamoim (Terras de Bouro), pode estar a funcionar em situação ilegal.

Esgotos, provenientes da empresa estão a fazer descargas no rio Rodas, mais conhecido por ribeiro de Pergoim, junto à ponte. Após vários alertas de pessoas, que afirmam que a água do rio Homem, é por vezes de cor aleitada, subimos o rio e depois o ribeiro até ao local onde está instalada a empresa, afim de averiguar. Chegamos ao local e de cima da ponte junto da fábrica, eram perfeitamente visíveis dois tubos de esgoto, que no momento da nossa chegada faziam uma descarga colorida. O líquido despejado pelo esgoto presumivelmente poluidor, naquele momento era escasso e tinha um aspecto aleitado. Descemos de imediato ao ribeiro e recolhemos amostras do líquido, no qual podiam ser observadas em suspensão, partículas azuis e brancas.  

“Aquilo queima tudo…”


“Aquilo (esgotos) queima tudo, os pescadores queixam-se de que lhe mataram os peixes e acredito, pois, quase todos os dias o rio fica branco”. Estas afirmações são de uma residente que pede o anonimato, pois “nós precisamos deles, empregam muita gente…” confidenciou.

ReceioA unidade fabril está a funcionar naquele local há mais de vinte anos e emprega muitas pessoas, sendo o principal empregador daquela zona, por isso funcionários por nós contactados recusaram-se a comentar as descargas. Por outro lado, um outro habitante daquela zona, afirmou que aquela descarga “não é perigosa”, que “é das lavagens” e também, que “no inverno nem se nota” porque “o ribeiro leva mais água” referiu.

As trutasOpinião contrária tem o sr. João Rodrigues, pescador desportivo e conhecedor profundo do rio Homem e do ribeiro de Pergoim, que diz, que “o ribeiro de Pergoim era o principal repovoador de trutas do rio Homem.” E afirma que, “actualmente não existem trutas no ribeiro, a jusante da empresa das águas, porque desde que começaram ali a produzir as garrafas, as trutas desapareceram”. E pergunta, “ porque é, que agora só há trutas dali para cima ?”

O abaixo-assinado

O sr. João Rodrigues, disse ainda, que um grupo de pescadores, está a preparar um abaixo-assinado, com o fim de exigir das autoridades competemtes, medidas para a preservação das espécies no ribeiro de Pergoim e do rio Homem.

Caldelas não sabe o que bebe

Os resultados da poluição estão à vista e a Delegação de Saúde de Vila Verde, desaconselhou recentemente os banhos no rio Homem, por isso, alguns moradores de Caldelas por nós inquiridos, já se manifestaram preocupados, pelo facto da captação da água que abastece as termas, ser feita no rio Homem, alguns metros a jusante do local, onde é feita a descarga da ETAR de Caldelas que acusam “nunca ter funcionado como devia”, pondo assim, em causa a salubridade da mesma.

Um dos moradores, referindo-se à água da “companhia”, perguntou: “se a água do rio, não serve para tomar banho, servirá para beber?”

“As borbulhas”


Algumas crianças da freguesia da Torre, após banhos no rio Homem, na praia fluvial, notaram o aparecimento de “borbulhas no corpo”. “É da porcaria da água…” afirma uma mãe, que não tinha conhecimento, da recomendação do Centro de Saúde de Vila Verde.

Tudo sob controlo

Sobre os receios e qualidade da água que é fornecida a Caldelas, o presidente da autarquia amarense, José Barbosa, garantiu-nos que “Caldelas está parcialmente desde o mês de Maio, a ser abastecida com a água do rio Cávado”, que “ passa pela Srª. da Paz sendo depois bombeada a partir da freguesia da Torre” e o “resto do abastecimento, é feito a partir de depósitos e nascentes próprias”.

Sossegou a população, garantindo que a água do Cávado“ é analisada semanalmente ou quinzenalmente na pior das hipóteses”. 

A “Cimeira do rio Homem”


O edil amarense, inquirido sobre o que pensa, que irá resolver a chamada cimeira do rio Homem disse que, “ se calhar não vai resolver nada, mas, pelo menos para já, vai fazer com que os três municípios (Amares, Vila Verde e Terras de Bouro) tenham uma atitude preventiva relativa ao rio Homem“.

Indagado sobre qual dos três municípios era o mais poluidor, foi peremptório em afirmar, “não é Amares que mais contribui para a poluição do Homem“. 

A ETAR

Disse ainda, que na ETAR de Caldelas “foi introduzido equipamento, que lhe permite trabalhar regularmente” e acrescenta, que os cheiros que se fazem sentir nas imediações, devem-se ao “lixo que é retirado dos tanques, e ali fica a aguardar transporte” o que “deveria ser diáriamente, mas não é”.

Refere ainda, que a autarquia deverá “adquirir um camião próprio para esse efeito” pois, “transportar lamas por estrada é complicado” concluiu.

Agosto 2003

Manuel Araújo
© fotos e texto





























sexta-feira, julho 04, 2003

Pseudo feudos e Talibãs

Pseudo feudos e Talibãs

Manuel Araújo - ano 2003

Como me considero ainda, um cidadão livre, de pensar e agir e de acordo com o que a Lei me faculta, decidi apoiar subscrever e comentar um abaixo-assinado surgido em Caldelas em que pediam às autoridades competentes, a devolução do único espaço que inicialmente estava destinado ao teatro, ao folclore, conferências, congressos, cinema, ensaios vários, etc, ou seja, um Auditório para fins culturais.

O referido espaço, propriedade da Junta de Freguesia, funciona, ilegalmente há mais de dois anos, isto é um facto, pois não possui qualquer espécie de licença, seja ela de regulamentação, abertura ou de comercialização de bebidas alcoólicas, entre elas o vinho de produtores privados, sem qualquer controle, nem tão-pouco licença das máquinas de jogos electrónicos.

Em declarações públicas, um membro da junta de freguesia afirmou que a exploração do local foi cedida ao Grupo Coral / Comissão de festas, mas por outro lado, fonte bem colocada do Grupo Coral, contesta e refuta a afirmação e assegura que “o Grupo Coral, não tem nada a ver com a tasca”.

Autoridades concelhias e distritais, são, desde há algum tempo, conhecedoras da situação, mas nada aconteceu até ao momento. Será que evocaram também a excepção à Lei, tal como fizeram em Barrancos com o toiros de morte?

Além das ilegalidades expostas, acresce ainda o facto, de o espaço não ter condições de segurança ou de higiene – segundo o parecer recente, dos técnicos da Câmara Municipal de Amares, que chegaram à conclusão de que — “o espaço é inapropriado para auditório ou para biblioteca”…

É estranho, pois, supostamente, foram os mesmos serviços, que deram o parecer favorável, aquando a sua construção para o fim de um Auditório .

Mas não serve para auditório ou biblioteca agora, dizem os técnicos. Mas servirá para serviço de tasca ?

À margem de todas as regras de bom relacionamento com os restantes condóminos, resolveram, sem dar satisfação a ninguém, abrir enormes orifícios na parede do imóvel, para o exterior, para assim expelir os fumos.

Perante a minha tomada de posição, sobre a situação, tudo na minha vida se complicou. Senão vejamos;

Presumo que seja apenas “coincidência”, mas…

• pneus cortados,
• inscrições murais de teor intimidatório,
• envenenamento dos cães dentro do meu próprio quintal,
• o pão da manhã espalhado, pelo chão

• rodas desapertadas
• e a recentemente e repetida vandalização por lacragem, do canhão da fechadura da porta do meu escritório, impedindo-me de entrar,

Isto já dá que pensar, por isso, apresentei queixa na GNR, contra “desconhecidos”.

Recordo, uma confidência de um amigo, que me avisou quando comecei a denunciar estes casos, que os “Talibãs” iriam atacar-me… e que eram “talibãs” pseudo feudais, homens ressabiados, habituados a serem servidos e adorados, que detestavam quem lhes fizesse sombra, ou lhes falasse alto e que não gostavam também, que ninguém se lhes metesse pelo caminho, ou lhe ocupassem as clareiras.

Ah… disse-me também esse meu amigo, que as mulheres deles, nem sempre usavam “burkas”. Essa afirmação, eu não a entendi… Não a entendi…. e fiquei admirado, porque as tribos verdadeiramente talibãs, são de outras paragens, o que ainda existe aqui, são alguns caciques que pensei estarem já definitivamente acantonados, extintos ou em hibernação.

Sabe-se, que alguns desses talibãs/caciques mais jovens, conseguiram escapar e tinham-se  integrado plenamente e posto de lado o fundamentalismo, que, durante décadas os orientou. Acho que alguns deles evoluíram e aprenderam a respeitar e a viver em sociedade e em paz…

Tenho pensado, no alerta desse meu amigo e agradeço-lhe ter-me avisado, mas não tenho receio, porque os “talibãs” verdadeiros não existem em Caldelas, existe apenas alguns caciques cobardolas, que lançam a pedra (ou mandam lançar) e escondem a mão. Ou melhor, ordenam aos pobres “jaquinzinhos” que o façam.

Os verdadeiros talibãs, os quais também nada aprecio, esses sim, são corajosos e dão a cara, recorde-se, que mesmo contra a vontade de todo o Mundo, eles dinamitaram e destruíram as estátuas dos Budas Gigantes no Afeganistão. Estes de Caldelas são diferentes, são falsos e actuam cobardemente na calada da noite.

A propósito: alguém sabe, o que fizeram eles, com os camiões de pedra, gravilha e cascalho “desaparecidos”?

Eu sei… e muita gente de Caldelas também sabe, mas com medo nada diz…



quinta-feira, julho 03, 2003

ANTÓNIO VARIAÇÕES 19 anos depois da sua morte…

Manuel Araújo (*)


António Joaquim Rodrigues Ribeiro, nasceu no Minho, Fiscal, uma pequena, verde e pacata freguesia de gente afável, muito perto da estância termal de Caldelas no Concelho de Amares, no dia 3 de Dezembro de 1944. Era filho de Deolinda de Jesus, falecida há dias e de Jaime Ribeiro, também falecido.


O começo

Contou-nos a mãe, Deolinda de Jesus, recentemente falecida, que durante os estudos primários, concluídos na escola local, ajudava nos trabalhos da terra, mas sempre que podia “escapulia-se” para todo o sítio onde houvesse uma feira, romaria ou festa. O “bichinho” da música herdara-o de seu pai que também tocou acordeão e cavaquinho.

O “Tonito” – era assim que lhe chamava a mãe– depois de terminar a escola primária, experimentou ainda um emprego na oficina de quinquilharias do "Caco" em Caldelas, desistindo pouco tempo depois. Sonhava com outros horizontes, assim, e apenas com 12 anos, rumou em direcção a Lisboa para casa de uns primos, terra de sonhos e das oportunidades. Começou como marçano, que não era o que desejava, para alguns meses mais tarde conseguir um trabalho num escritório. Esteve na capital até á idade da tropa para ser destacado para Angola. Cumprido o serviço militar, regressou para pouco tempo depois partir para Londres, onde tinha um irmão, o José, e onde começou a trabalhar como empregado de mesa.

© DR
Nasce o António Variações

Em 1976, ano do falecimento de seu pai, regressou a Portugal para partir de novo, mas desta vez o destino levou-o até Amsterdão, Holanda, onde frequentou durante um ano um curso de cabeleireiro. Voltou a Lisboa para começar a exercer a sua nova profissão. Durante o dia trabalhava num salão de cabeleireiro e á noite, juntamente com o grupo musical “Variações”, dedicava-se à sua paixão de sempre , a música. O nome “António Variações”, provém do grupo com quem começou a cantar.
A sua primeira aparição em público, foi na feira popular de Lisboa, num programa da Rádio Renascença, com os UHF de Manuel António Ribeiro.

A Moda

O António era diferente, não ligava à moda, — a moda torna as pessoas todas iguais — dizia ele. Tinha um gosto muito peculiar de se vestir, que alguns classificaram de sofisticado, excêntrico, extravagante e ridículo, mas o António foi persistente, seguiu o seu próprio caminho e venceu, até que começou a ser imitado, hoje, qualquer um usa brincos...


O estrelato

Em 1978 assinou um contrato com a editora Valentim de Carvalho, mas só quatro anos mais tarde é que gravou o seu primeiro trabalho, “Povo que lavas no rio”, um tema bem conhecido de Pedro Homem de Melo e imortalizado pela saudosa Amália . “Estou Além”, é um outro tema da sua autoria. No ano seguinte, editou “Anjo da Guarda”, que o catapultou definitivamente para o estrelato nacional.
Foi entregue á família, a título póstumo, um "disco de platina" referente ao trabalho " O melhor de António Variações", resultado da venda de mais de 40 mil exemplares, o qual nos foi orgulhosamente exibido pelo irmão Carolino.
No final de 2000, foi reeditado um novo CD, "Dar & Receber" com um tema inédito do António Variações, esgotando-se assim o seu legado vocal.

A família e os amigos

O António sempre visitou regularmente a mãe e os amigos em Fiscal, a família era para ele tudo. Não havia entrevista alguma que ele não falasse da mãe, dos irmãos e das irmãs. O António era o 5º filho, dos dez que a Deolinda de Jesus teve.
Na sua terra natal, era sem vaidade nem vedetismo que se misturava com os amigos e conhecidos, que o recordam com imenso orgulho e saudade.

O trabalho, a doença e o fim

Apareceu em inúmeros programas de Televisão e da Rádio, mas foi no programa “ A festa continua “ do Júlio Isidro - do qual era também amigo e cliente da barbearia - que apareceu na TV pela última vez. Semanas mais tarde, o António foi internado no hospital Curry Cabral, com complicações que se agravaram vertiginosamente. Broncopneumonia Bilateral Extensa, foi a doença que lhe foi diagnosticada, perdendo em poucos dias 20 quilos. O António, viria a falecer na madrugada do dia de Santo António, 13 de Junho de 1984. Tinha 39 anos e foi a primeira personalidade pública que se suspeita ter morrido de sida em Portugal.
No velório, na Basílica da Estrela em Lisboa, foram muitos que lhe quiseram prestar a última homenagem e o último adeus ao seu ídolo. Estiveram também presentes, além de outros, os “Heróis do Mar”, a Lena d´Água, a Maria da Fé e a sua grande amiga Amália Rodrigues, com ele chegou a actuar em 1983 na Aula Magna da Universidade de Lisboa e tinha pelo António um carinho muito especial.
O corpo do António, foi transladado para Fiscal, Amares, sua terra natal, onde está sepultado e ainda nos dias de hoje continua a ser visitado por gente anónima oriunda um pouco de todo o país.

O reconhecimento

Em Amares, existe já uma rua com o seu nome, mas, a Assembleia Municipal em deliberação camarária, de Junho de 2002, por proposta da deputada Raquel Mendes e por unanimidade, deliberou homenagear o António Variações, no próximo ano de 2004, em data ainda incerta.

Para organizar a homenagem, foi criada uma comissão, composta por várias individualidades do Concelho. Dessa comissão, faz parte o presidente da Junta de Freguesia de Fiscal, Sr. Bernardino, com quem falamos e se mostrou “ bastante preocupado”, porque “falta menos de um ano e ainda está quase tudo por fazer”, disse-nos, apreensivo.

Segundo nos afirmou, “a Câmara, não tem possibilidades financeiras para suportar os custos da homenagem, existem outras prioridades”, por esse motivo, “apelo à união de todos, Câmara, membros da Comissão, Empresas, Comunicação Social e todos os particulares, para que comecemos a trabalhar juntos e possamos fazer a homenagem em meu entender, tardia, mas merecida, ao homem, que viveu no tempo errado. Se fosse hoje, seria certamente melhor compreendido”, conclui.

Entre outras iniciativas, que pensam levar a efeito, consta uma homenagem nos Paços do Concelho, concertos e exposições.
Também, na freguesia de Fiscal, num largo que irá ter o nome do artista, será erigido um busto.
Igualmente e um pouco pelo país, estão previstas outras iniciativas.

(*) in Terras do Homem/Praça Local - 2003

ACTUALIZAÇÃO



Busto erigido em Fiscal - Amares

© Manuel Araújo

domingo, junho 08, 2003

Santa Maria da Torre - Amares

Já tem Símbolos Heráldicos

Manuel Araújo

No dia 22 de Junho de 2003 teve lugar a apresentação pública do Brasão Heráldico da Junta de Freguesia de Santa Maria da Torre.

Por deliberação da Assembleia de Freguesia de Santa Maria da Torre, de Junho de 2000, nos termos da Lei nº 53/91, de 17 de Agosto, foi estabelecido, sob proposta autárquica, a constituição dos símbolos heráldicos da mesma, que, de harmonia com o parecer da Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses, emitido em 12 de Julho de 2002, determinou que o símbolo seria constituído da seguinte forma:
Brasão Escudo — azul, torre de prata aberta e iluminada de vermelho, com sino de ouro, entre duas rodas de azenha ouro, com suas pás de prata. Coroa mural de prata, de três torres, Listel branco com legenda a negro: TORRE – AMARES.
Bandeira – amarela, cordão de ouro e azul. Haste e lança de ouro.
Selo – nos termos da Lei, com a legenda “Junta de Freguesia TORRE – AMARES”

Apresentação publica dos símbolos heráldicos

A Junta de Freguesia de Santa Maria da Torre tem sede no bairro de Sta. Maria, num edifício moderno, construido de raiz e inaugurado em 2001, custou 35 mil contos.
Neste edifício, além das funções administrativas inerentes ao funcionamento da autarquia, são ainda ministrados vários cursos, nomeadamente, bordados e costura.
Existe ainda, um jardim infantil e um auditório, que é utilizado frequentemente em manifestações culturais.

A Junta de Freguesia Sta. Maria da Torre tem actividades diversas, dando apoio à população, social, cultural e desportivo.

A Freguesia tem uma área que ronda os dois Km2 e tem 530 habitantes dos quais 410 são eleitores com direito a voto.

A principal actividade da Freguesia é a agricultura, algum comércio e também pequenas indústrias.

A Junta de Freguesia de Santa Maria da Torre tem actualmente um executivo, que é composto por 3 eleitos pelo PSD, liderados po José Gama. A Assembleia de Freguesia tem 5 eleitos também PSD. O PS é representado por 2 elementos.

Assim, na tarde de ontem, 22 de Junho, surgiu no Largo da Junta, pela primeira vez ao público, a bandeira e o brasão da Junta de Freguesia de Santa Maria da Torre. A bandeira foi hasteada pelo Dr. Francisco Morais, perante uma larga multidão, assim como várias individualidades, entre elas, o Presidente da Câmara de Amares sr. José Barbosa.

Foram vários os discursos, que a multidão atenta, ali testemunhou, mesmo debaixo de um calor sofocante, o hastear da bandeira com o símbolo heráldico daquela Junta.

Nem mesmo o calor impediu que a banda de música de Sta. Maria de Bouro, a Fanfarra da Cruz Vermelha de Amares e o rancho folclórico de Sta. Maria da Torre, actuassem perante a multidão que participou activamente na festa. Uma nota para o facto, de o Rancho Folclórico de Sta. Maria da Torre, após muitos anos de inactividade, regressar agora rejuvenescido e com novos elementos.

Foi ponto de honra da Junta, que o dia não terminasse sem mais nem menos, foram vários os petiscos que estiveram à disposição de todos aqueles que se juntaram e testemunharam a apresentação pública do símbolo heráldico da Junta de Freguesia de Santa Maria da Torre.