domingo, dezembro 10, 2006

Entrevista ao grande "Embaixador" da Língua e da Cultura portuguesa no Canadá

EUCLIDES CAVACO
“Embaixador” da Língua e da Cultura portuguesa no Canadá
Euclides Cavaco, nasceu no concelho de Mira, distrito de Coimbra onde concluiu a instrução primária, ainda muito jovem decidiu ir para Lisboa a fim de arranjar um emprego e poder simultaneamente conciliar o seu grande sonho de estudar, anseio que consumou tendo assim concluído em Lisboa o curso geral dos liceus e frequentado posteriormente os estudos superiores. Euclides Cavaco começou a escrever poesia nos seus anos académicos e dela tem feito uma constante da vida. Incondicionalmente apaixonado pelo FADO, escreve-o para fadistas , declama-o com grande estro poético e essencialmente dá-o a conhecer ao mundo. Na década de 60 parte para Angola, onde fez o seu estágio para locutor da Rádio. Em 1970 radica-se no Canadá, onde continua a residir. Aí concluiu o curso em Gestão Administrativa e alcançou o estatuto de empresário. Em 1974 com um grupo de amigos funda o programa de televisão Saudades de Portugal, de cujo foi apresentador. Em 1976 é nomeado Comissário Público pelo Governo do Ontário. Em 1980 criou a RÁDIO VOZ DA AMIZADE, da qual é director e locutor há mais de 25 anos, procurando glorificar sempre o nome de Portugal e DESTE POVO QUE NÓS SOMOS. 

 Carmindo de Carvalho com Manuel Araújo

 — Para uma apresentação prévia, pode dizer-nos quem é Euclides Cavaco? 
Euclides Cavaco — É assaz difícil podermos retratar-nos a nós próprios, porém posso afirmar que sou um homem extremamente simples oriundo duma família humilde que lutou energicamente na vida para realizar o seu sonho. Altruísta, defensor da paz , fomentador da amizade, amante do fado e português genuíno de corpo e alma , proliferador da poesia , língua e cultura portuguesas no mundo através da rádio e de outros órgãos da comunicação onde divulga os seus trabalhos e persevera glorificando o nome de Portugal. 

— Quando ocorreu a descoberta pela Literatura? 
EC — Ainda muito jovem durante os meus anos académicos.  

— O que é a poesia para si ? 
EC - Poesia na sua essência mais transcendente, é a Voz da Alma expressa pelo cantar dos poetas. 

— Fale-nos da sua obra literária. Que trabalhos publicou? 
EC — Para além das diversas antologias poéticas em que participei já editei 8 trabalhos só meus, podendo alguns ser observados na minha página da internet www.euclidescavaco.com. Contudo tenho ainda muitos mais em execução para serem publicados oportunamente.  

— Como elemento preponderante da divulgação da nossa Cultura no Canadá, ao longo dos últimos 25 anos foram inúmeros os galardões recebidos, prémios, comendas e homenagens. De todas elas qual, a mais importante? 
EC — Em realidade não são só 25 mas sim 36 anos dedicados à divulgação da língua e cultura Portuguesa no Canadá. Antes da rádio estive também ligado a um programa de televisão na década de 70. São efectivamente muitas as distinções honoríficas que ocupam grande parte do espaço físico dos meus aposentos. Todavia para mim a mais importante e terna de todas as homenagens é manifestamente o carinho, o acolhimento e as mensagens dos meus leitores espalhados pelo mundo , cujo troféu não se pode expôr porque reside no espaço intimo do meu ser mas que é indubitavelmente a mais importante e mais grata recompensa humana de apreço pelo meu trabalho. 

— Você mantém um site com algumas obras literárias. A seu ver, de que forma a Internet tem contribuído para a difusão da leitura e para o hábito de ler? 
EC — A internet como veículo de informação é provavelmente o mais acessível de todos nos nossos dias. Acredito por isso que ela seja também um incentivo ao hábito de ler. Constato este facto pelo número de pessoas que gostam de ler poesia e que visitam a minha página que já totalizou mais de 130.000 visitas mas duma forma muito peculiar pelas mensagens deixadas no meu Livro de Visitas que testemunham este predicado da internet.  

— Como coabita o “poeta” com o homem da rádio? 
EC — Dão-se perfeitamente bem, na mais exemplar harmonia. O poeta escreve e dá vida à poesia e o homem da rádio empresta-lhe a voz.  

— Quais são os livros e autores preferidos? Se possível com um pequeno comentário. 
EC — É muito difícil singularizar autores e livros entre os que consideramos bons. Para não ferir susceptibilidades nem a memória dos grandes autores do passado prefiro afirmar sem comentários especiais que gosto de todos os bons autores.  

— Que poetas você mais lê hoje? 
EC — Os nossos poetas da actualidade porque em verdade são eles que nos falam do HOJE e das conjecturas dos nossos dias. 

— Que projectos tem em mente? 
EC — Continuar a escrever e a publicar poesia oferecendo-a ao mundo lusófono através da minha página na internet, da rádio e jornais, bem como de novos livros e CDs de poesia declamada. 

— Em Portugal já sabemos como é, e aí no CANADÁ existe apoio à edição? EC — O Canadá como país de acolhimento apoia muitos programas e iniciativas nas Comunidades Portuguesas aqui residentes, mas não necessariamente a literária . Entenda-se que seria até provavelmente um absurdo subsidiar a promoção duma língua que não é a canadiana. Acho que esta responsabilidade competiria à Secretaria de Estado das Comunidades ou até mesmo ao Ministério da Cultura Portuguesa , mas disse e muito bem, já sabemos como é.  

— Gosta mais da POESIA lida ou OUVIDA? 
EC — Indiscutivelmente da poesia dita ou recitada.  

— A POESIA, surge-lhe mais de dia, ou à noite? 
EC — Penso que a tranquilidade da noite, convida a uma introspecção mais íntima e mais propícia à assimilação de ideias. Diz a filosofia popular que às escuras as ideias são claras, por isso escrevi estas duas quadras que se integram neste contexto: Às vezes fico intrigado Sem saber porque razão Na minha cama deitado Sinto mais inspiração Ideias são conjecturas Que de dia são mais raras. Porque de noite às escuras Parecem ser mais claras.  

— Gosta da poesia expressa de todas as formas em geral, ou tem algum estilo preferido ? (Por exemplo: Soneto, Quadra, Acróstico, etc.) 
EC — A boa poesia pode manifestar-se nos mais diferentes estilos, porém para mim particularmente como escrevo temas para fado , tenho preferência pelas sextilhas e quadras , mas também gosto muito do soneto pelo seu lirismo.  

— Como leitor, ”entrou” facilmente na POESIA? 
EC — Livros de poesia foram sempre os meus livros de de eleição desde os tempos de estudante. Ler poesia foi sempre aprazível para mim.  

— Sei que se tem dedicado muito “à poesia para o Fado” Porquê essa tão grande dedicação? 
EC — Nutro pelo fado uma inexplicável paixão como constante da vida. A ele dedico grande parte dos meus escritos e do meu tempo organizando noites de fado há muitos anos. Nele vejo retratada a ALMA PORTUGESA que continua a alimentar em mim viva e acesa esta chama Lusíada, com um desmedido orgulho de SER PORTUGUÊS e pertencer a ESTE POVO QUE NÓS SOMOS. Deixo aqui este poema ALMA LUSÍADA, que ofereço a todos os nossos compatriotas espalhados pelo mundo. Faço aqui também um convite para visitarem a minha pagina na internet www.euclidescavaco.com para verem e ouvirem este e outros poemas patrióticos declamados. 

ALMA LUSÍADA 


Ser português
É amar a Pátria Portuguesa.
É tê-la sempre presente
É gostar com muita firmeza
Das nossas coisas
E da nossa Gente.

Ser português
É vibrar de emoção
Ao descobrir
Entre mil bandeiras
Desfraldadas ao vento
A bandeira da Nação.

Ser português
É ter orgulho da nossa história
E dos nossos antepassados.
É dar testemunho
De tudo o que somos
E com muito prazer
Nos sentirmos honrados.

Ser português
É entoar com emoção
O nosso Hino e as nossas canções
E sem apreensão
Cantar, falar, ou rezar,
Em qualquer parte sem hesitar
A língua de Camões.

Ser português
É ser diferente
É ter alma Lusíada
É saber estar ausente
E em qualquer lado
Gostar de tudo
O que evoca a Pátria
E nos inspira amor
A esse cantinho
À beira mar plantado !…
.. Euclides Cavaco

Sem comentários: