Escultor Jorge Oliveira, lamenta falta de apoios e incentivos aos poucos que ainda sabem restaurar arte
Jorge Oliveira, é um escultor com uma ampla obra de qualidade reconhecida. Dedica-se essencialmente à arte sacra e assume-se como um autodidacta. Natural de Braga, tem 35 anos é casado e reside em Amares desde 1987. É reconhecido em praticamente todo o país, mas é um quase desconhecido na sua região. Quanto à escultura em Portugal, lamenta a falta de apoios e alerta que Portugal corre o risco de perder todo o seu imenso património, por falta de capacidade para restauro. — "As nossas igrejas e catedrais, um dia, serão betão armado com uns desenhos, porque a talha vai cair de podre e não vai haver quem a restaure” — avisa.
Como é que tudo começou e porquê a escultura ?
Iniciei-me na escultura por intuição e interesse pela arte, mas também foi por necessidade. Aos nove anos fiquei órfão de pai, éramos sete irmãos e comecei a trabalhar como aprendiz de entalhador. Aos quinze anos a talha já não me dizia nada. Então comecei por fazer umas peças ao fim de semana, e com o tempo notei que as minhas peças tinham aceitação e eram já cobiçadas por muita gente, aí convenci-me que tinha algum talento e dediquei-me cem por cento à escultura.
Qual a sua relação, e o que é para si a escultura?
Para mim a arte é o meu segundo casamento, a minha segunda paixão, não posso viver sem ela.
Qual a importância da tecnologia na escultura?
A tecnologia no meu atelier ainda não chegou, é tudo manual. Quando entra a tecnologia na escultura, já é uma indústria. Eu sou um escultor 100% artesanal.
Considera o seu trabalho objectos de arte ou de consumo?
A escultura não é um bem de primeira necessidade. O meu trabalho é arte.
Ao longo da sua vida tem executado inúmeras obras, desde a gravura manual, a escultura e também o desenho, qual delas lhe dá mais prazer?
Sim é verdade, faço tudo isso. Mas, o que me dá mais prazer, são as obras que idealizo e concebo desde o esquiço no papel à escultura final.
O que acha do estado actual da escultura portuguesa, são apoiados por alguma entidade?
Não, infelizmente não somos apoiados por ninguém. Estamos num país onde nós passamos ao lado. Temos um imenso património, uma riqueza incalculável e um dia quando chegar o dia de deitar a mão a esse património, não vai haver ninguém com conhecimentos. Creio que as nossas igrejas e catedrais, um dia será betão armados com uns desenhos, porque a talha vai cair de podre e não vai haver quem a restaure.
O Jorge Oliveira é conhecido e reconhecido, praticamente de norte a sul do nosso país, mas na sua terra parece que nem tanto. É verdade que os “santos do pé da porta não fazem milagres”?, porquê.
Exactamente, isso é uma realidade. É uma afirmação um pouco dura, mas sou capaz de afirmar que sou mais conhecido em Barcelona, ou do Porto para sul, do que na minha própria terra. É frustrante.
A Arte de esculpir tem futuro ?
Eu quero acreditar que sim e luto para que isso aconteça.
Que sentiu, quando o Eng. Mesquita Machado, numa recente apresentação, de um seu trabalho em Braga, lhe dirigiu honrosos e rasgados elogios ?
Senti um arrepio enorme, fiquei até sem palavras e ao mesmo tempo, reforçou a minha grande vontade de continuar com esta arte.
Manuel Araújo
araújo@swissinfo.org
in Terras do Homem
Jorge Oliveira, é um escultor com uma ampla obra de qualidade reconhecida. Dedica-se essencialmente à arte sacra e assume-se como um autodidacta. Natural de Braga, tem 35 anos é casado e reside em Amares desde 1987. É reconhecido em praticamente todo o país, mas é um quase desconhecido na sua região. Quanto à escultura em Portugal, lamenta a falta de apoios e alerta que Portugal corre o risco de perder todo o seu imenso património, por falta de capacidade para restauro. — "As nossas igrejas e catedrais, um dia, serão betão armado com uns desenhos, porque a talha vai cair de podre e não vai haver quem a restaure” — avisa.
Como é que tudo começou e porquê a escultura ?
Iniciei-me na escultura por intuição e interesse pela arte, mas também foi por necessidade. Aos nove anos fiquei órfão de pai, éramos sete irmãos e comecei a trabalhar como aprendiz de entalhador. Aos quinze anos a talha já não me dizia nada. Então comecei por fazer umas peças ao fim de semana, e com o tempo notei que as minhas peças tinham aceitação e eram já cobiçadas por muita gente, aí convenci-me que tinha algum talento e dediquei-me cem por cento à escultura.
Qual a sua relação, e o que é para si a escultura?
Para mim a arte é o meu segundo casamento, a minha segunda paixão, não posso viver sem ela.
Qual a importância da tecnologia na escultura?
A tecnologia no meu atelier ainda não chegou, é tudo manual. Quando entra a tecnologia na escultura, já é uma indústria. Eu sou um escultor 100% artesanal.
Considera o seu trabalho objectos de arte ou de consumo?
A escultura não é um bem de primeira necessidade. O meu trabalho é arte.
Ao longo da sua vida tem executado inúmeras obras, desde a gravura manual, a escultura e também o desenho, qual delas lhe dá mais prazer?
Sim é verdade, faço tudo isso. Mas, o que me dá mais prazer, são as obras que idealizo e concebo desde o esquiço no papel à escultura final.
O que acha do estado actual da escultura portuguesa, são apoiados por alguma entidade?
Não, infelizmente não somos apoiados por ninguém. Estamos num país onde nós passamos ao lado. Temos um imenso património, uma riqueza incalculável e um dia quando chegar o dia de deitar a mão a esse património, não vai haver ninguém com conhecimentos. Creio que as nossas igrejas e catedrais, um dia será betão armados com uns desenhos, porque a talha vai cair de podre e não vai haver quem a restaure.
O Jorge Oliveira é conhecido e reconhecido, praticamente de norte a sul do nosso país, mas na sua terra parece que nem tanto. É verdade que os “santos do pé da porta não fazem milagres”?, porquê.
Exactamente, isso é uma realidade. É uma afirmação um pouco dura, mas sou capaz de afirmar que sou mais conhecido em Barcelona, ou do Porto para sul, do que na minha própria terra. É frustrante.
A Arte de esculpir tem futuro ?
Eu quero acreditar que sim e luto para que isso aconteça.
Que sentiu, quando o Eng. Mesquita Machado, numa recente apresentação, de um seu trabalho em Braga, lhe dirigiu honrosos e rasgados elogios ?
Senti um arrepio enorme, fiquei até sem palavras e ao mesmo tempo, reforçou a minha grande vontade de continuar com esta arte.
Manuel Araújo
araújo@swissinfo.org
in Terras do Homem
1 comentário:
QUERIA JÁ AFIMAR QUE O ARTISTA EM QUESTAO É UM ENORME ARTISTA É UM GRANDE HOMEM,COMO ELE HÁ MUITOS MAIS ARTISTAS NA MESMA CONDIÇAO E NAO APARECEM PUBLICAMENTE PELAS CONSEQUENCIAS MUITOS PARABENS PARA O INORME ARTESAO COMO PARA O JORNALISTA (SR. MANUEL ARAÚJO)
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