sábado, novembro 18, 2006

Temporal...

É Sábado, fim de tarde... chove forte, o vento uiva lá fora, há relâmpagos e trovões. Gosto de os ver e ouvir...

É o prenúncio de um fim de semana em casa, o qual vou tentar aproveitar para por a escrita e as ideias em dia... e tentar ouvir e gravar para formato digital, uns discos de vinil, que guardo há muito tempo e sempre tenho prometido que —"vai ser no próximo fim de semana". São discos sentimentalmente muito valiosos. Vamos a ver, se vai ser este, o tal fim de semana... pois, tenho prometido e falhado a mim mesmo, o que não é grave, porque não causa prejuízos, nem danos a ninguém.

Vem isto a propósito, da nova realidade, que é voltar a aprender a viver em Portugal... e de entender a actual situação, das desigualdades, injustiças, mentiras e fraudes. Em suma, do —“safe-se quem puder”.

Em 1980 deixei Portugal, um Portugal em mudanças, um Portugal fervilhando, em evolução constante, graças à Revolução de Abril de 74 e ao corte com o passado retrógrado, de guerras injustas, castrador das ideias, do pensamento e da acção.

Foram mais de duas décadas, a viver e a labutar no seio de culturas com hábitos diferentes dos nossos, o que não foi muito difícil, porque está nos genes dos portugueses, o saber adaptar-se a novas situações e arranjar soluções para todo o tipo de problemas que os enfrenta.

Durante esse tempo, deu para aprender e diferenciar métodos e organização de vários sectores produtivos e também das mentalidades dirigentes... e da exigência do cumprimento do pré-estabelecido; sejam eles contratos, prazos ou horários.

Não sou economista, nem “doutor” em qualquer área, mas sei, que se o operário não se sentir motivado, não rende e é escusado ser pressionado ou aumentar-lhe a carga horária, para produzir mais, pois um funcionário descontente e desmotivado, não produz qualidade nem quantidade.

O segredo dessa motivação e do “desenrasca”, do português “lá fora”, está num ordenado justo, um posto de trabalho seguro e organizado, formação adequada, respeito e um ambiente agradável.

Aqui em Portugal, esse cenário será raro e pelo contrário, vivemos um momento de crise, desemprego e de exclusão social, onde o operário é sempre o "bombo da festa" que paga todos os impostos sem refilar. Todos deveriam contribuir e também pagar, porque nem todos pagam e se pagam, pagam pouco.
Também a fiscalização económica em geral é deficiente, uma vez que existem grandes empresas que fogem aos impostos e até utilizam trabalho ilegal não declarado. O trabalhador é descartável, como sendo uma mera mercadoria de supermercado.

Senhores governantes e empresários, onde está a vontade, imaginação e o “desenrasca”, que nos está nos genes e as asas que nos foram dadas em Abril de 74, para nos tirar deste buraco? Façam um esforço e lembrem-se que somos bons, somos os melhores, mas lembrem-se também que — “não é com vinagre que se apanham moscas”.

É noite e a chuva e os trovões já não se fazem ouvir, desligo a música... e vou ver na TV o Braga - Benfica. Ganhe quem ganhar, não ficarei satisfeito, é um jogo “fratricida”.



Manuel Araújo

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei da crítica a qual subscrevo, mas não gostei do resultado do Braga - Benfica.

Benfica, Benfica, enquanto não te libertares do treinador sr Santos, irás ser humilhado muitas mais vezes.

Raul Almeida

R.I. EUA